Nesta quarta-feira (12), um dia após a divulgação por parte do governo da Rússia do registro da primeira candidata a vacina contra a Covid-19 , o assunto segue sendo tema de discussões e já começa a dividir os países entre críticos e apoiadores da iniciativa.
Segundo informações da agência de notícias AFP, o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, afirmou que o passo dado pelo governo de Vladimir Putin ocorre sem uma maior testagem da eficácia e segurança da vacina , ressaltando que o objetivo deveria ser "ter um produto seguro mais do que simplesmente ser o primeiro a começar a vacinas as pessoas".
“Pode ser perigoso começar a vacinar milhões, se não bilhões de pessoas cedo demais, porque pode simplesmente matar a aceitação da vacinação se der errado. Então estou muito cético sobre o que está acontecendo na Rússia”, disse Spahn à emissora de rádio Deutschlandfunk.
“Ficaria satisfeito se tivéssemos uma vacina inicial, boa, mas baseado em tudo que sabemos —e esse é o problema fundamental, principalmente que os russos não estão nos contando muito— isso não foi testado suficientemente”, concluiu.
As críticas, que seguem a linha de ceticismo quanto a eficácia do medicamento apontadas por especialistas, não foram bem aceitas pelo Ministério da Saúde da Rússia. Também nesta quarta, o ministro Mikhail Murashko rebateu as falas contrárias ao projeto e ainda aproveitou para "alfinetar" outras nações.
"Parece que nossos colegas estrangeiros estão sentindo as vantagens competitivas específicas da droga russa e estão tentando expressar análises que, em nossa opinião, são completamente infundadas", disse Murashko, em declaração divulgada pela agência de notícasi Reuters.
Ainda de acordo com a publicação, o ministro fez uma previsão sobre a data de início da vacinação e quais devem os grupos prioritários: "os primeiros pacotes da vacina médica contra a infecção pelo coronavírus serão recebidos dentro das próximas duas semanas, primeiramente para médicos ".
"Grande confiança"
Apesar das críticas, há também quem confie que a vacina surtirá o efeito desejado. É o caso do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, que recentemente sugeriu que a população lavasse as máscaras de proteção contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2) com gasolina e teve que ser desmentido por funcionários do governo.
“Acredito que a vacina produzida é realmente boa para a humanidade, tenho grande confiança e serei o primeiro a testá-la”, declarou Duterte , em fala reproduzida pela AFP.
Segundo um porta-voz do presidente, que deve se reunir com representantes do laboratório que desenvolve a vacina , Duterte se mostrou satisfeito com os esforços feitos pela Rússia para acabar com a pandemia e que está disposto a "sacrificar sua vida pelo povo filipino".