Marcelo Crivella%2C prefeito do Rio
Cléber Júnior/Agência O Globo
Marcelo Crivella, prefeito do Rio

O prefeito Marcelo Crivella quer testar no Rio um coquetel de anticorpos contra a Covid-19 , desenvolvido por um laboratório americano. Ele assinou um acordo com a biofarmacêutica Sorrento, com sede em San Diego, na Califórnia, fabricante do medicamento. O produto ainda não tem, no entanto, aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ). Segundo Crivella, assim que o aval for dado, os testes terão início na capital. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, ele não explicou quais pacientes seriam contemplados primeiro. 

"É um remédio com alta esperança para quem já contraiu a doença e está em tratamento, seja intubado, seja em enfermaria. Um anticorpo, geneticamente modificado, clonado, e se faz um coquetel de anticorpos . Os resultados dos testes em laboratório foram excelentes. Essa empresa americana assinou um acordo com a prefeitura para fazer os testes clínicos na cidade do Rio, e eles vão investir aqui, não haverá despesa para prefeitura. Assinamos esse acordo há poucos dias, e eu espero que esse remédio seja uma grande saída para nós", disse Crivella.

Em meados de maio, após o presidente-executivo da empresa, Henry Ji, anunciar que o anticorpo foi capaz de evitar a contaminação de células pelo novo coronavírus durante testes em laboratório, as ações da empresa subiram 158% na Bolsa eletrônica Nasdaq, em Nova York. Na época, em entrevista à rede americana Fox News, Ji disse que a cura para a Covid-19 estava se tornando real.

“Queremos enfatizar que existe uma cura. Existe uma solução que funciona 100%”, disse ele, se referindo ao anticorpo STI-1499, desenvolvido pela companhia. 

“Acredito que (os coquetéis de anticorpos) são os medicamentos provavelmente mais promissores, mas precisam ser testados, como qualquer outro”

Especialista avalia

Na análise da microbiologista Natalia Pasternak , pesquisadora colaboradora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, medicamentos do tipo são promissores no tratamento da doença, mas é preciso ter cautela, e respeitar todos as etapas de testes até a aprovação.

"Coquetéis de anticorpos monoclonais têm sido usados por outros institutos, e como estratégia é muito bom. É justamente pegar um anticorpo muito potente e usá-lo como medicamento. Ele vai neutralizar o vírus e impedir que se ligue na célula. Acredito que são os medicamentos provavelmente mais promissores, mas precisam ser testados, como qualquer outro", avalia.

Para ela, no entanto, não há justificativa para os ensaios clínicos serem realizados no Rio. A prefeitura não informou se a iniciativa do acordo partiu da empresa ou do governo municipal.

"Não vejo muita razão de se fazer isso aqui. O Brasil é atraente para testar vacina porque precisamos ter o vírus circulando para expor as pessoas vacinadas, mas o remédio é aplicado em quem está doente. Isso você tem em qualquer lugar do mundo".

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