No final da tarde desta segunda-feira, 24, representantes do Ministério da Saúde participaram de entrevista online para lançar nova estratégia voltada à saúde mental da população brasileira no contexto da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) . Um balanço das ações voltadas aos profissionais de saúde também foi apresentado.
Em maio, o Ministério da Saúde começou um levantamento para avaliar a saúde mental da população durante o pandemia do novo coronavírus . O questionário, disponível na internet, tinha o objetivo de rastrear a existência de depressão, ansiedade e estresse na população brasileira, e subsidiar políticas públicas nas unidades de atenção psicossocial.
Em abril, foi lançado um serviço de apoio psicológico aos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) que estão atuando no combate ao novo coronavírus. Segundo o ministério, a medida é um reconhecimento da necessidade de apoio aos profissionais pelo trabalho intenso e pelos riscos de contaminação.
O serviço funciona por meio de teleconsulta para médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, biomédicos e farmacêuticos que estão envolvidos no enfrentamento da doença. O canal telefônico do serviço será divulgado em maio.
“Serviços de saúde mental são essenciais para a resposta contra a covid-19 e, em última instância, para o processo de reconstrução. Devemos agir para que aqueles que vivem com problemas de saúde mental, assim como os sobreviventes de violência, recebam o apoio que necessitam”, afirmou Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Segundo dados levantados pela instituição, aflições mentais como ansiedade e depressão atingiram um pico inédito nas Américas. O estresse imposto pela quarentena, pelo isolamento social e pela possibilidade de contágio foram elementos-chave para o aumento. “A pandemia de covid-19 causou uma crise de saúde mental em uma escala que nunca vimos antes”, explicou a diretora.
Impedidas de frequentar a escola, a rua e os parquinhos, crianças podem sofrer estresse emocional durante o período de isolamento social. O psicólogo clínico Danilo Lima Tebaldi, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que os pais precisam prestar atenção a alguns sinais e sintomas que podem surgir no decorrer do tempo. “Os pais devem ficar atentos a qualquer mudança de comportamento dos filhos, ou seja, comportamentos que antes a criança não apresentava e passou a apresentar, tais como agressividade, comportamento inquieto e/ou agitado, presença de medos infundados e aspectos regredidos de comportamento (como chupar o dedo).”
Ela alerta, entretanto, que, a despeito de combinados caseiros, o confinamento traz dificuldades adicionais. “O confinamento vai sim agravar o estado emocional daquelas pessoas que já tinham algum transtorno ou distúrbio emocional, como são os casos das ansiedades e vai gerar conflitos entre as pessoas que não tinham o hábito de ficar tanto tempo em família”.A psicóloga Célia Fernandes, da Enfoque Clínica de Psicologia em Brasília, recomenda a organização e o estabelecimento de regras sobre a divisão do tempo e do espaço que permitam o trabalho e a rotina de descanso. Para quem tem filhos, é importante dar atenção às crianças e ao lazer infantil. Já para adultos, é importante incluir na rotina a realização de atividades de interesse pessoal, como estudo, leitura ou diversão - como assistir filmes e até maratonar diversos episódios das séries preferidas. “Como já ocorria em finais de semana. Precisamos adotar medidas comuns, já que vamos passar mais tempo juntos.”
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