A Fiocruz já identificou pelo menos 40 linhagens do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil desde o início da pandemia , em março. Segundo a fundação, duas delas tem circulação predominante na população, mas apesar da quantidade, essas variações não impactam a eficácia das vacinas contra Covid-19 desenvolvidas pelas farmacêuticas.
As informações são do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do da Fiocruz, que participa diretamente da vigilância epidemiológica do novo coronavírus no Brasil e é referência mundia em Covid-19 para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o órgão faz o sequenciamento genético do genoma viral.
Nas últimas semanas, notícias de que haveria novas cepas em circulação em países na Europa fez o mundo ficar em alerta para uma segunda onda ainda mais forte da Covid-19. De acordo com autoridades europeias, as novas variações não possuem letalidade maior, mas têm capacidade de transmissão mais rápida , podendo chegar a uma proliferação 70% mais veloz .
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo , a pesquisadora da Fiocruz Paola Cristina Resende explicou como funciona o trabalho de monitoramento da rota de circulação do patógeno no Brasil e as identificações de suas mutações. Nesse momento, ela afirma que "não é momento para pânico".
"Eles (vírus) circulam em todo o mundo e sofrem mutações frequentes. Essa vigilância é fundamental para a formulação da vacina, que tem periodicidade anual, e para a captação de cepas virais de potencial pandêmico", diz a pesquisadora.
De acordo com as informações da Fiocruz, analisadas em parceria com órgãos de vigilância internacionais, as 40 linhagens presentes no Brasil são de várias partes do mundo, em especial a Europa. As duas principais, no entanto, são específicas daqui e têm pouca incidência em outros países.
"E, é claro, estão evoluindo, ganhando novas mutações, pois é esperado que um vírus com um genoma de RNA evolua de forma rápida. Assim, novas sublinhagens podem ser detectadas ou evidenciadas. Entretanto, é extremamente importante ressaltar que uma nova mutação não significa estritamente uma mudança nas características do vírus", lembra Resende.
Quanto à letalidade, a especialista ainda alerta que "até o momento, os dados não mostram que o vírus tenha ficado mais transmissível ou que possa causar uma doença mais severa. Não é momento para pânico. É tempo de prevenção".
"Os dados sugerem que as vacinas em desenvolvimento e as que já estão em aplicação em diversos países terão ótima eficácia contra o Sars-CoV-2 e suas recentes variações, uma vez que, apesar das mutações, as características fenotípicas do vírus parecem não ter sido alteradas. Nenhuma variação que impacte na formulação das vacinas foi detectada", completa Resende.