Com a chegada da pandemia de Covid-19 logo no início do ano , a vida das pessoas e suas relações com a própria saúde mudaram completamente. Na rotina, foram introduzidos cuidados como higienização constante das mãos, uso de máscara e isolamento social. No entanto, além da Covid-19, outras doenças, não menos preocupantes, se manifestaram de maneira acentuada durante 2020 — seja por consequências indiretas da Covid-19 ou não. Confira:
Dengue
A dengue é uma doença que preocupa brasileiros ano após ano . Segundo o Ministério da Saúde, em 2020, o Brasil atingiu mais de um milhão de casos da doença provocada pelo mosquito Aedes aegypti.
Segundo dados publicados em novembro, 528 pessoas morreram de dengue, sendo que 77% dessas mortes, 401, estavam concentradas em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Com a chegada do final do ano e, consequentemente, do verão — temporada de maior reprodução do mosquito — o estado de alerta para os focos de proliferação do Aedes aegypti deve aumentar.
Doenças cardiovasculares
Por conta das medidas de cuidado ao contágio do novo coronavírus, a busca por ajuda médica por sintomas de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC) caiu. Além disso, as consultas e exames de rotina também foram deixadas de lado pela população. Por consequência, houve aumento de mortes por conta dessas comorbidades.
Segundo pesquisa realizada pelas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Minas Gerais (UFMG), as mortes por doenças cardiovasculares aumentaram significativamente durante a pandemia de Covid-19. A pesquisa observou seis capitais: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Pernambuco (RE), Fortaleza (CE), Belém (PA) e Manaus (AM).
Manaus é a cidade que mais viu os óbitos por essas causas crescerem: 132%. Em seguida, vêm Belém (126%), Fortaleza (87,7%), Recife (71,7%), Rio de Janeiro (38,7%) e, por último, São Paulo (31%).
Sarampo
O Brasil é conhecido mundialmente por ter o maior Programa Nacional de Imunização (PNI) do mundo, sendo referência em vacinas, muito por conta do trabalho de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan.
Apesar disso, o país enfrenta um problema de desinformação que faz com que se crie uma falsa insegurança sobre as vacinas. O sarampo é um exemplo disso: considerado como erradicado no Brasil desde 2016, voltou a atingir a população em 2019 devido à queda da porcentagem da vacinação . Até o mês de novembro de 2020, 8.261 pessoas tiveram o diagnóstico confirmado para sarampo no Brasil — 7 foram a óbito.
Poliomielite
A poliomielite é outra doença que passou a preocupar devido à baixa cobertura vacinal . Conhecida popularmente como "vacina da gotinha", o imunizante teve, em 2019, 83,7% de cobertura vacinal.
Este ano, até o mês de outubro, 6,3 milhões de crianças de 1 a 5 anos foram vacinadas. Isso corresponde a apenas 55% do público-alvo, estimado em 11,2 milhões de crianças.
Transtornos psicológicos
Doenças desencadeadas por fatores emocionais se agravaram neste ano de pandemia. Segundo pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre maio e julho deste ano, 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa ou depressiva desde o início da pandemia.
A pesquisa também apontou que 65% dos entrevistados relataram sentimento de raiva; 63% sintomas somáticos, que incluem sensação de dor, mal-estar gástrico ou qualquer outro sintoma resultante de ansiedade; e 50% tiveram alteração do sono.
A professora da UFRGS e coordenadora do estudo, Adriane Ribeiro Rosa, ressaltou a necessidade de alertar órgãos governamentais e os responsáveis pela saúde privada para que essas pessoas sejam atendidas e o impacto da pandemia na saúde mental seja controlado.