A China confirmou nesta terça-feira (12) o roteiro de viagem do comitê de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) no país e informou que o grupo voará diretamente para Wuhan, a cidade considerada o marco zero da pandemia de Covid-19.
Segundo um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, o voo com os 10 especialistas sairá de Singapura com destino à cidade no dia 14 de janeiro. Ainda conforme o representante, os pesquisadores trabalharão em parceria com cientistas chineses durante toda a viagem.
O comitê, no entanto, precisará seguir as regras para viajantes internacionais e deverá cumprir uma quarentena de 14 dias antes de começar a visitar os pontos de interesse.
A viagem do grupo de pesquisadores, que investigará as origens da pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, deveria ter ocorrido na semana passada, mas a viagem foi bloqueada no último momento porque a China não liberou os vistos dos cientistas. A paralisação foi criticada publicamente pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que se disse "decepcionado" com a atitude chinesa.
A OMS insistiu que "não está tentando culpar ninguém" pela crise sanitária e que apenas busca entender as origens da pandemia. O diretor para Emergências do órgão, Michael Ryan, afirmou que o foco da missão é a ciência e não fazer política.
"Entender as origens da doença não significa achar alguém para culpar. Trata-se de encontrar as respostas científicas sobre a importantíssima mudança [do vírus] do reino animal para os humanos", destacou.
Mais de um ano após os primeiros casos terem sido notificados como uma "pneumonia anormal", ainda não se sabe como o Sars-CoV-2 fez o chamado salto de espécie para os humanos. Os cientistas querem descobrir como isso ocorreu para evitar novas pandemias no futuro.
A China sempre alegou que o seu país foi apenas o primeiro a notificar sobre a nova doença, mas que o novo coronavírus surgiu em mais de um local na mesma época.
Os primeiros casos da Covid-19 foram notificados no fim de dezembro de 2019 em Wuhan, com a primeira morte confirmada em 11 de janeiro de 2020. A cidade e toda a província de Hubei foram colocadas em lockdown em 23 de janeiro - em um isolamento que durou até o início de abril.
Atualmente, conforme dados da Universidade Johns Hopkins, há mais de 91 milhões de casos de Covid-19 confirmados no mundo e mais de 1,9 milhão de mortes.