Paciente deitado em maca com equipamentos ligados ao seu corpo.
BBC/Getty Images
Paciente deitado em maca com equipamentos ligados ao seu corpo.

Em meio ao colapso do sistema sanitário em Manaus, o estado do Amazonas registrou nesta quinta-feira (14) seu maior número diário de novos casos do coronavírus Sars-CoV-2.

Segundo boletim da Fundação de Vigilância em Saúde, foram contabilizados 3.816 contágios em um período de 24 horas, mais de mil a mais que o recorde anterior (2.763), de maio de 2020.

Dos casos da última quinta-feira, 2.516 foram registrados na capital Manaus, que sofre com a falta de oxigênio para pacientes e o colapso em seu sistema hospitalar. Até o momento, o Amazonas soma 223.360 infecções e 5.930 mortes por Covid-19, com índice de 143,1 óbitos para cada 100 mil habitantes.

Se fosse um país, o Amazonas estaria atrás apenas de San Marino (192,4/100 mil), que tem menos de 35 mil habitantes; da Bélgica (177,7/100 mil), que contabiliza todas as mortes suspeitas; e da Eslovênia (149,6/100 mil).

Na última quinta-feira, operadores da área da saúde relataram a falta de tubos de oxigênio para auxiliar pacientes com dificuldades respiratórias em Manaus. Um deles, o pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, disse à Folha de S. Paulo que os hospitais manauaras viraram "câmaras de asfixia".

Organizações da sociedade civil iniciaram uma campanha de arrecadação de fundos para a compra de cilindros de oxigênio para a capital amazonense, em iniciativa catapultada por dezenas de artistas, como o humorista Whindersson Nunes.

Além disso, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, anunciou que o país vai oferecer oxigênio para "atender a contingência sanitária em Manaus". "Solidariedade latino-americana antes de tudo", escreveu o chanceler no Twitter.

Já o governo do Amazonas requisitou o estoque ou produção de oxigênio de 17 indústrias do Polo Industrial de Manaus, incluindo as multinacionais Honda, Yamaha, Electrolux, Whirlpool, Denso, Samsung e LG.

O governador Wilson Lima ainda editou um decreto que institui toque de recolher em todo o estado das 19h às 6h. "São medidas duras, mas necessárias. Estamos em uma operação de guerra", disse Lima, que no fim de dezembro havia revogado o fechamento do comércio no Amazonas.

Devido ao colapso dos hospitais manauaras, mais de 230 pacientes com Covid-19 tiveram de ser transferidos para outros estados brasileiros.

Governo Bolsonaro - Em transmissão ao vivo com o presidente Jair Bolsonaro no Facebook, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitiu o colapso do sistema hospitalar na capital amazonense e que a cidade vive uma situação "extremamente grave", mas disse que a responsabilidade é da Prefeitura e do governo estadual.

Além disso, Pazuello culpou o "período de chuvas" e a falta de "tratamento precoce" contra a Covid-19 - medida que não encontra respaldo na ciência - pela situação em Manaus.

No entanto, o procurador da República no Amazonas Igor da Silva Spindola contou à revista Época que o Ministério da Saúde foi alertado "há quatro dias" sobre a falta de oxigênio em Manaus.

"O Estado não se preparou. E como se não bastasse, a direção de Logística do Ministério da Saúde só se reuniu hoje [quinta-feira] para tratar disso, após ser avisada há quatro dias", declarou.

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