Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan
Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

A eficácia da CoronaVac não é garantida se os pacientes adiarem a aplicação da segunda dose do imunizante. A informação foi confirmada pelo Instituto Butantan nesta quinta-feira (21) em meio às discussões de adiamento para que o número de pessoas vacinadas aumente.

A sugestão, que foi mencionada pelo secretário municipal de saúde do Rio, Daniel Soranz, não está de acordo com o que os desenvolvedores da vacina recomendam.

Segundo o Instituto, o estudo clínico da vacina foi projetado para avaliar a eficácia do produto com duas aplicações num intervalo de 14 a 28 dias, e não é possível tirar conclusão sobre a resposta imune de pacientes que passem um período muito mais longo entre as duas doses.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), afirmou também que não recomenda a prática do adiamento da segunda dose da CoronaVac. A eficácia geral da vacina contra adoecimento foi de 50,4% e a proteção contra casos graves foi de 78%. Esses percentuais, porém, só valem dentro do regime de duas doses.

"Não há dados científicos que sustentem uma decisão de dar a segunda dose da CoronaVac num intervalo diferente daquele entre duas e quatro semanas", disse o diretor da entidade, Renato Kfouri, ao jornal O Globo .

"Os estudos de fase 2 mostraram uma pequena vantagem em dar na quarta semana após a primeira, mas são estudos menores. E os estudos de fase 3, de eficácia, foram realizados no prazo de 14 dias. Então não existe base para nada diferente disso", afirmou.

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Soranz disse hoje que "há uma discussão científica" sobre a possibilidade de manipular a estratégia de dosagem da vacinação, mas esta vem ocorrendo mais com outras vacinas que não a CoronaVac.

A maioria das vacinas de Covid-19 que estão em fase 3 de pesquisa são projetadas para regime de duas doses. Diante da falta de imunizante para vacinar grandes população, outros países já começaram a discutir a estratégia de adiar a segunda dose, o que permitiria cobrir um público maior com a primeira.

Saber se a tática do adiamento surte efeito, porém, requer estudos específicos, que já começaram a ser feitos para algumas vacinas de Covid-19, afirma o Instituto de Vacinas Sabin, de Washington (EUA).

"Até a gente ter esses resultados, fazer isso pode ser um tiro no pé", afirma a cientista brasileira Denise Garrett, vice-presidente do instituto.

"Não dá para tentar isso com qualquer vacina. É um jogo muito arriscado, e isso nunca seria considerado se a gente nae estivesse numa situação tão crítica", completa a médica.

Segundo Denise, um outro risco associado a estender o período para aplicação da segunda dose é o de dar espaço para vírus sofrer mais mutações e adquirir características de resistência, ao sobreviver à seleção natural de uma imunidade parcial.

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