O impacto das variantes do coronavírus sobre a ação das vacinas ainda é incerto. É isso o que apontou cientistas brasileiros ao Jornal Estado de São Paulo.
De acordo com os especialistas, como o surgimento dessas cepas é recente, não foi possível realizar grandes estudos para assegurar de que forma essas mutações afetam os imunizantes.
Uma pesquisa da Universidade Rockfeller, dos EUA - que foi publicada na terça-feira, mas ainda sem revisão de pares -, mostrou, entretanto, que as vacinas da Pfizer e da Moderna podem ter sua eficácia reduzida por essas variantes, mas não a ponto de invalidar o produto.
"Apesar da ação neutralizante dos anticorpos ter diminuído, ele ficou acima do necessário para proteger alguém da doença. Mas fica o alerta: já temos variantes capazes de diminuir a capacidade das vacinas. Não podemos deixar o vírus circular livremente", diz a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19 .
Além da variante britânica, preocupa o avanço de cepas identificadas na África do Sul e em Manaus. Todas elas compartilham a mutação N501Y, na proteína spike do vírus, responsável por entrar nas células humanas. Estudos preliminares feitos pela Pfizer mostraram que o imunizante da empresa foi capaz de neutralizar a nova variante britânica.
As variantes sul-africana e brasileira, porém, têm outra mutação (E484K), também na proteína spike, associada a um escape de anticorpos.
Segundo a coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil, Sue Ann Costa Clemens, novos estudos sobre a eficácia da vacina contra as cepas britânica e sul-africana sairão no início de fevereiro. "Quanto à variante de Manaus, já estamos conversando com a Fiocruz e o Ministério da Saúde para pegar uma amostra para enviar para Oxford, sequenciar e avaliar a eficácia", apontou.
Vale lembrar que já foi detectado na Bahia um caso de reinfecção pela variante sul-africana. Além disso, foi registrado ao menos 20 pacientes infectados pela nova cepa brasileira em Manaus. Também houve, no Estado de São Paulo, pacientes infectados com a variante britânica.