A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) liberou neste sábado (23), para distribuição aos estados, as doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela biofarmacêutica AstraZeneca, importadas da Índia. A logística de distribuição cabe ao Ministério da Saúde e, no fim da tarde deste sábado, foram aplicadas as primeiras doses no Brasil. Ao todo, são dois milhões de doses, que serão distribuídas aos estados proporcionalmente neste domingo (24).
A vacinação ocorreu logo após a Fiocruz começar a liberar os 2 milhões de doses de vacinas prontas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI/MS). O primeiro caminhão com parte da carga saiu às 14h18 da Fiocruz e foi direto para um centro de logística também na zona norte para iniciar a separação das caixas que serão distribuídas aos estados. Ao todo, serão etiquetadas 4 mil caixas, cada uma com 50 frascos e 500 doses da vacina. Depois da etiquetagem, ocorrerá a liberação de documentação pela garantia da qualidade.
Segundo a Fiocruz, ainda na manhã de hoje foram coletadas amostras pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) para análise de protocolo e liberação do produto para que o Programa Nacional de Imunizações possa distribuir as doses aos estados. "Toda a operação para liberação das vacinas segue normalmente, sem intercorrências e dentro do cronograma", informou.
Confira quantas doses serão enviadas a cada estado
- São Paulo - 501.960 doses, população de 46.289.333 habitantes;
- Minas Gerais - 190.500 doses, população de 21.292.666 habitantes;
- Rio de Janeiro - 185.000 doses, população de 17.366.189 habitantes;
- Amazonas - 132.500 doses, população de 4.207.714 habitantes (estado tem direito a cota extra de 100 mil doses devido à gravidade da crise, sobretudo em Manaus);
- Bahia - 119.500 doses, população de 14.930.634 habitantes;
- Rio Grande do Sul - 116.000 doses, população de 11.422.973 habitantes;
- Paraná - 86.500 doses, população de 11.516.840 habitantes;
- Pernambuco - 84.000 doses, população de 9.616.621 habitantes;
- Ceará - 72.500 doses, população de 9.187.103 habitantes;
- Goiás - 65.500 doses, população de 7.113.540 habitantes;
- Pará - 49.000 doses, população de 8.690.745 habitantes;
- Maranhão - 48.500 doses, população de 7.114.598 habitantes;
- Santa Catarina - 47.500 doses, população de 7.252.502 habitantes;
- Distrito Federal - 41.500 doses, população de 3.055.149 habitantes;
- Paraíba - 36.000 doses, população de 4.039.277 habitantes;
- Espírito Santo - 35.500 doses, população de 4.064.052 habitantes;
- Rio Grande do Norte - 31.500 doses, população de 3.534.165 habitantes;
- Alagoas - 27.500 doses, população de 3.351.543 habitantes;
- Mato Grosso - 24.000 doses, população de 3.526.220 habitantes;
- Piauí - 24.000 doses, população de 3.281.480 habitantes;
- Mato Grosso do Sul - 22.000 doses, população de 2.809.394 habitantes;
- Sergipe - 19.000 doses, população de 2.318.822 habitantes;
- Rondônia - 13.000 doses, população de 1.796.460 habitantes;
- Tocantins - 11.500 doses, população de 1.590.248 habitantes;
- Amapá - 6.000 doses, população de 861.773 habitantes;
- Acre - 5.500 doses, população de 894.470 habitantes; e
- Roraima - 4.000 doses, população de 631.181 habitantes.
Chegada
As doses importadas do Instituto Serum da Índia, um dos centros produtores da vacina de Oxford/AstraZeneca , chegaram à Fiocruz por volta de 1h deste sábado, após serem recebidas no Aeroporto Internacional Tom Jobim RIOGaleão, na zona norte do Rio. O avião que trouxe as vacinas de São Paulo, aonde chegaram da Índia em voo comercial, pousou no Rio às 22h.
Os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello , de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e o embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy estavam presentes. De lá, as doses seguiram em caminhões para Bio-Manguinhos/Fiocruz, onde foi feito o trabalho de análise de segurança com medição de temperatura e de etiquetagem dos dois milhões de doses.
Em agosto do ano passado, a Fiocruz assinou um acordo com a Oxford e a AstraZeneca para transferência de tecnologia e produção da vacina no Brasil. A expectativa é que a produção comece em março. Após a chegada das doses no Aeroporto do Rio, o ministro da Saúde disse que a chegada do lote é o início do processo no país. "Esses dois milhões de doses são apenas o início. É o começo do processo. Estamos negociando receber mais doses no começo de fevereiro e o IFA [Ingrediente Farmacêutico Ativo] necessário para que a Fiocruz comece a produzir até 15 milhões de doses por mês. Nosso país precisa de produção nacional", disse Pazuello.
Vacina de Oxford já começou a ser aplicada
Receberam a vacina o infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz) Estevão Portela e a médica pneumologista do Centro de Referência Professor Helio Fraga, também da Fiocruz, Margareth Dalcolmo. Os dois atuam na linha de frente da assistência a pacientes com covid-19 desde o início da pandemia e receberam as vacinas no Complexo da Fiocruz, na zona norte do Rio de Janeiro.
Após ser vacinada, a médica Margareth Dalcolmo disse que o dia é simbólico, de muita esperança e sobretudo de muita confiança nas instituições do país. Margareth Dalcolmo acrescentou que também é um dia para homenagear os profissionais de saúde do Brasil inteiro que estão de plantão nas unidades de terapia intensiva (UTIs) e nas emergências, cuidando diretamente dos pacientes.
"Estou seguramente sorrindo, mas pela esperança. Em primeiro lugar não é uma esperança vã, é uma esperança da confiança objetiva nas instituições brasileiras, na força do SUS e em todos que desde o início da pandemia, do carnaval do ano passado, estão comprometidos e continuam trabalhando", disse.
A terceira pessoa a receber a dose foi a médica Sarah Ananda Gomes, que é coordenadora da equipe de Cuidados Paliativos no Hospital Felicio Rocho.