Doses da vacina de Oxford sendo descarregadas em SP
Divulgação/Ministério da Saúde
Doses da vacina de Oxford sendo descarregadas em SP

No sábado (30), o Ministério da Saúde fez um anúncio dando a entender que o Brasil receberá até 14 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 , por meio da Covax, a partir da metade de fevereiro. Porém, a realidade do acordo não foi divulgada. As informações foram apuradas pelo Jamil Chade, do portal Uol. 

Mesmo que as doses dos imunizantes sejam disponibilizadas para o país até meados de fevereiro, não é garantido que a quantidade dita pelo Ministério, será entregue. Segundo uma carta da entidade internacional e informações do cronograma da aliança internacional mostram que grande parte da remessa das vacinas só chegará no Brasil entre abril e junho. Porém, data só pode ser contabilizada contando que haja vacina o suficiente para venda, deve contar com a aprovação da OMS e estoque na China. 

Em Brasília, funcionários do Itamaraty se surpreenderam com a declaração dada pelo Ministério sobre a vinda dos imunizantes. A impressão é de que, mesmo com o tom positivo da carta, a chegada de uma grande remessa de vacinas não é garantida. 

No sábado (30), o governo divulgou ter recebido uma carta da  Covax , "informando que o Brasil receberá estimativa de 10 a 14 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford contra a covid-19 a partir de meados de fevereiro". 

Mesmo sendo um número significativo, não chega perto das 50 milhões de doses que foram distribuídas nos EUA, com um mês de vacinação. A carta e o calendário interno do acordo mostram que a situação é mais complicada e lenta do que exposta pelo governo federal. 

Primeiramente, a OMS deve autorizar o uso emergencial da vacina AstraZeneca, mas a empresa ainda tem documentos em falta, o que atrasa a liberação. A segunda condição é que a produção das vacinas deve aumentar. A AstraZeneca, por exemplo, não está conseguindo cumprir o acordo que fez com a União Europeia e anunciou que cortaria o seu fornecimento em 50%.

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O anunciou causou um grande conflito entre a empresa e a UE. Ainda por cima, os insumos necessários para a produção dos imunizantes estão saindo com atraso da China, o que impacta em sua produção e entrega para a aliança internacional. 

Entrega de remeças entre abril e junho 

De acordo com a carta entregue ao Ministério da Saúde, a chegada das remessas não será em grande quantidade nos primeiros meses do ano. Somente, 25% ou 35% das 10 ou 14 milhões de doses serão enviadas ao Brasil entre fevereiro e março. A maior parte das vacinas chega só no segundo semestre do ano, com cerca de 65% e 75% do total seria enviado. 

A carta ainda ressalta que a quantidade de doses encara a realidade do requerimento das remessas. 14 milhões se refere ao valor pedido. Mas o valor de 10 milhões representa a real "distribuição esperada por conta das limitações ao abastecimento". 

Segundo fontes da aliança mundial de vacinas, que fica em Genebra na Suíça, confirma que a carta enviada ao Ministério de Saúde brasileiro fala apenas de “indicativos”. Em um dos trechos, o termo “indicativo” é usado novamente para se referir ao calendário de distribuição. 

Ainda de acordo com os dados revelados, a Covax espera enviar para os países da América Latina um total de 20 milhões de doses até março . Entretanto, para os países mais ricos como Brasil, México, Chile ou Argentina, tais países não receberiam nem 5 milhões de doses. 

O ministério não contou que escolheu ficar com o menor número de doses possível no acordo. Foi dada a opção para que os países escolhessem entre atender de 10% a 50% de sua população. O Brasil escolheu apenas 10%, cerca de 42 milhões de doses. 

Caso as 14 milhões de doses chegam no país ainda no primeiro semestre, o restante serão somente enviadas na segunda metade do ano. A pasta de saúde ainda omitiu de que quando o acordo foi anunciado em abril, o Brasil nem chegou a ser convidado para a reunião. O governo afirmou que tinha "outras parceiras" a vista, mas nunca informaram quais eram. Semanas depois, o país aderiu ao acordo. 

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