O recorde de internações por Covid-19 em UTIs no estado de São Paulo não está relacionado à chegada das variantes do novo coronavírus (Sars-Cov-2) , dizem os especialistas. Apesar de admitirem a preocupação, os médicos afirmam que a falta de testagem e de sequenciamento genético dos infectados são barreiras para entender a influência dessas mutações.
Ao Estadão, especialistas afirmaram que, além das mutações, preocupam também as aglomerações observadas nas últimas semanas, motivadas, principalmente, pelas festas de fim de ano e pelo feriado de caranaval.
"Ainda não tínhamos essas variantes quando a segunda onda começou (fim de 2020). Começamos a ter a contribuição das variantes agora e em localidades específicas (...) O que acontece é que temos um grande número de casos e, agora, essas variantes começam a ocupar porcentual maior deles." Pelo menos dez Estados já registraram a cepa amazônica do vírus, cujos estudos iniciais já apontaram maior potencial de transmissão", diz o infectologista Max Igor Lopes ao jornal.
Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, afirma que a variante ainda faz parte de uma parcela pequena dos casos, mas admite "muita preocupação".
"Se ela for de fato mais transmissível é algo que pode contribuir para o recrudescimento de casos, internações e mortes", afirma.
O especialista explica que medidas restritivas são a única forma de reduzir a transmissão.
São Paulo deve adotar lockdown das 22h às 05h em todo o estado. A expectativa é que o anúncio seja feito nesta quarta-feira (23).
"Os ingredientes para termos o aumento estão todos aí: permeabilidade muito grande nas fronteiras no País, a gente não faz 'lockdown', os voos saem direto de Manaus para lá e para cá, as medidas de isolamento não têm grande adesão da população. A quantidade de pessoas não vacinadas ainda é enorme. Então, a produção de variantes Brasil afora é fato", afirma Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações.