O caso foi denunciado após a filha dessa idosa rever a filmagem da vacinação (gravada pela famíla), ocorrida no dia 27 janeiro
Governo do Estado de São Paulo/Divulgação
O caso foi denunciado após a filha dessa idosa rever a filmagem da vacinação (gravada pela famíla), ocorrida no dia 27 janeiro











A residente do Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, Zona Sul do Rio, acusada pela técnica de enfermagem Adenilde Lourenço da Silva de ter sido a culpada pela aplicação de "vacina de vento" em uma idosa de 85 anos, negou responsabilidade pelo episódio, conforme depoimento prestado nesta quinta-feira (24) na 12ª DP (Copacabana).

Segundo Adenilde, que foi filmada aplicando uma seringa vazia, a residente é quem seria a responsável por colocar o imunizante na seringa. A enfermeira diz que pegou a seringa dentro de uma caixa com gelo e que teria percebido algo errado, mas que deixou de comunicar o fato para uma enfermeira chefe.

Em depoimento, a residente, que chegou à delegacia acompanhada de dois advogados, afirmou, no entanto, que jamais deixou uma seringa pronta dentro de uma caixa de gelo, por este não ser o procedimento padrão. A informação é da delegada titular da 12ª DP, Bianca Xavier. O depoimento durou pouco mais de uma hora.

Segundo a delegada, a residente disse ainda que não se recorda da paciente que foi filmada recebendo a "vacina de vento" no posto de saúde de Copacabana. A estudante de enfermagem também confirmou que aspirava doses da vacina para as seringas, mas imediatamente as aplicava em pacientes ou as entregava para outros aplicadores, mas sempre diante do paciente.

De acordo com o advogado da residente, Vítor Martins, todas as doses aspiradas por ela continham líquido. E todos os frascos abertos pela residente foram devidamente aspirados, disse ainda a defesa.

O caso foi denunciado após a filha dessa idosa rever a filmagem da vacinação (gravada pela famíla), ocorrida no dia 27 janeiro. De acordo com a Polícia Civil, a residente cursa enfermagem na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O inquérito segue agora para a conclusão.

A investigação já colheu respostas da técnica de enfermagem Adenilde Lourenço da Silva, que trabalha há 11 meses no Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto. Ouvida na quinta, ela falou durante duas horas aos agentes da 12ª DP. De acordo com a delegada Bianca Lima, Adenilde admitiu que houve uma mudança de protocolo durante a aplicação da vacina da idosa. A técnica alegou que, naquele dia, não era ela quem colocava o imunizante na seringa, e sim a residente.


A defesa da residente não soube informar se a prática de encher a seringa para entregá-la a outro profissional de saúde, o aplicador, havia se tornado comum no posto de saúde. Mas reafirmou que a cliente seguiu todos os protocolos da unidade durante a aplicação.

"Ela (a residente) não passou isso para a gente. O que ela informou foi isso: que todas as aspirações eram confirmadas e checadas, com certeza absoluta".

Ao GLOBO, a delegada Bianca Lima informou ter solicitado ao posto de saúde documentos que comprovem o possível desvio de doses. Eles deverão relacionar a quantidade de doses supostamente aplicadas com a quantidade de pacientes que efetivamente as receberam.

Vacinação foi refeita

A secretaria municipal de saúde (SMS) informou ter decidido afastar a técnica de enfermagem após receber a denúncia sobre irregularidade na aplicação de vacina contra a Covid-19. Diante da dúvida levantada, a SMS anunciou que a idosa teve a dose reaplicada e que abriu uma sindicância para apurar o ocorrido.

Em nota, a secretaria disse ter reforçado a orientação para que as equipes mostrem todo processo de aplicação da vacina para os usuários e que, em caso de dúvidas, as famílias devem solicitar esclarecimentos aos profissionais imediatamente.

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