Em São Paulo , cerca de cinco pessoas foram hospitalizadas e foram parar na fila de transplante de fígado após usarem medicamentos presentes no “kit covid” . Tal kit inclui a hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e anticoagulantes. Além disse, outras três pessoas morreram de hepatite no estado depois do uso dos remédios. As informações foram apuradas pelo jornal Estado de São Paulo.
Apesar de não terem comprovação científica em relação ao combate ao novo coronavírus, os medicamentos são indicados por alguns médicos. O “kit covid” também é divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro .
“Quando fazemos os exames no fígado, vemos lesões compatíveis com hepatite medicamentosa. Vemos que esses remédios destruíram os dutos biliares, que é por onde a bile passa para ser eliminada no intestino”, declarou Luiz Carneiro D’Albuquerque, chefe de transplantes de órgãos abdominais do HC-USP e professor da universidade.
“É uma combinação de altas dosagens com a interação de vários medicamentos. A substância desencadeia um processo em que a célula ataca outros células, levando a fibroses, que causam a destruição dos dutos biliares”, ressaltou.
No início do mês de março, a Organização Mundial da Saúde ( OMS ), afirmou que a hidroxicloroquina, por exemplo, não funciona para o tratamento da Covid-19 e ainda pode causar diferentes efeitos nos pacientes. Além disso, o presidente Bolsonaro divulga o “kit covid” como uma forma de “tratamento precoce” contra o novo coronavírus.
“Nós temos uma doença que é desconhecida, com novas cepas, e pessoas estão morrendo. Os médicos têm o direito, ou o dever, de que, no momento que falta um medicamento específico para aquilo com comprovação científica, ele pode usar o que se chama de off label – fora da bula”, disse Bolsonaro, na sexta-feira (19/3), à Rádio Acústica.
“É impressionante, eu converso com muita gente idosa, né? ‘Estou tomando regularmente ivermectina, e eu e minha família, ninguém se contaminou’. Então, parece que ivermectina é preventiva e, quando você contrai, ela serve para curar a doença também”, afirmou.