Hospitais do Rio sofrem com falta de insumos
Bianca Muniz, Bruno Fonseca, Mariama Correia
Hospitais do Rio sofrem com falta de insumos

Hospitais do Rio de Janeiro passam por dificuldades no momento de intubar pacientes devido à falta de sedativos e outros insumos. Uma enfermeira do Hospital Municipal Albert Schweitzer, localizado na Zona Oeste do Rio, disse que os pacientes com Covid-19 que foram intubados estão acordados e amarrados nos leitos devido à falta de remédios sedativos na unidade. As informações são da TV Globo .

De acordo com a publicação, o hospital tem, atualmente, 78 pacientes com Covid-19 internados na UTI e 40 na emergência. "Na sala vermelha, os pacientes estão intubados e amarrados , estão vivenciando tudo acordado e sem sedativo, pois não tem nenhum sedativo, acabou tudo. Só para o CTI e mesmo assim estão sendo rediluídos e mesmo assim não dá para todos os pacientes", disse a enfermeita à TV Globo . "Eles ficam tudo acordado, sem sedativos, intubados, amarrados e pedindo para não morrer".

Os médicos estão procurando outras alternativas para manter os pacientes sedados , como a chamada 'contenção mecânica'. No entanto, segundo os intensivistas, mesmo assim os doentes ainda precisam de pelo menos uma sedação leve. Os profissionais da saúde também têm utilizado drogas mais antigas e com mais efeitos colaterais.

"E assim não seda como o Dormonid os pacientes fazendo 15, 20 ml hora de dripping de Diazepam não funciona direito, só deixam eles um pouquinho sedados, mas não apaga da forma que precisa (… ) A maioria tendo que fazer contenção mecânica, porque não tem Dormonid na casa", disse um enfermeiro do Hospital Municipal Pedro II, também na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

De acordo com a emissora, outros hospitais do Rio também passam pela mesma situação. No Hospital São José, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, 21 pessoas morreram entre o último sábado (10) e domingo (12) e, de acordo com uma enfermeira, as mortes foram causadas pela falta dos medicamentos. "Não tinha medicações, não tinha sedativos para os pacientes do CTI e então, infelizmente, eles vieram a óbito. Nós vimos, assim, os profissionais desesperados, chorando, porque não tinha o que fazer pra ajudar, né? Tá com falta de seringa, tá com falta de agulha", disse ela.

A falta desses remédios faz com que o paciente não economize energia, atrapalhando no tratamento de outros problemas e podendo levá-los à morte. "Com certeza vai prejudicar em muito o tratamento dele, além de ser um desconforto e uma situação desumana", continuou.

Na capital, o Hospital Anchieta é o único que só atende pacientes infectados pela Covid-19. Além dos sedativos , a unidade passa pela falta de outros materiais. "No Anchieta, a gente já chegou a perder pacientes por falta de equipamento, por falta de equipo de bomba infusora e não tinha para poder botar, para manter pressão do paciente, e paciente chocou e paciente morreu, foram três pacientes nessa situação. Está complicado, está difícil (…) Eu não tenho como aliviar esse sofrimento do paciente porque isso é um grande sofrimento. É só você imaginar você deitado com o tubo grosso enfiado na garganta que vai até o pulmão, que tá tentando te ajudar a respirar, e você tentando respirar junto com ele, é muito difícil para a gente ver isso, é muito triste", afirmou um enfermeiro.

De acordo com o secretário Municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, o Ministério da Saúde centralizou a compra dos sedativos e tem distribuído semanalmente. "Tem sido um processo muito difícil para comprar esses sedativos. Todos os hospitais públicos e privados estão com estoque no limite, para não se realizar estoques muito altos em algumas unidades e faltar em outras. (…) Mas até o momento garantindo aí esse cuidado, essa medicação para os pacientes que precisam", afirmou

Em nota ao jornal O Estado de S. Paulo , o Ministério da Saúde disse que o governo tentou comprar doses para seis meses, mas só conseguiu 17% do que foi planejado. Nesta quarta-feira (12), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que deve receber mais lotes em até dez dias.

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