O monitoramento mundial do ritmo de vacinação da Covid-19 realizado pela Johns Hopkins University mostra que o Brasil está longe dos primeiros colocados no ranking dos que vacinaram a maior parcela de sua população, ao contrário do que afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na quarta-feira (21/4). Em entrevista coletiva, o titular da pasta alegou que o país ocuparia o 9º lugar desse ranking.
O levantamento mostra que mais de 56 países já vacinaram uma proporção maior da população do que o Brasil — entre eles, várias pequenas nações europeias e ilhas caribenhas, mas também vizinhos sul-americanos. A Johns Hopkins University leva em conta apenas pessoas plenamente vacinadas — ou seja, que tomaram duas doses das vacinas que precisam de duas aplicações.
Além disso, ainda segundo a universidade americana, mais de 20 países já vacinaram plenamente uma porção da população maior do que o Brasil se contadas as aplicacoes da primeira dose. No entanto, em entrevista coletiva, Queiroga afirmou:
"O concreto é que o Brasil é o quinto país que mais vacina. É importante. E em relação à população é o nono", disse.
Na América Latina, Chile, Uruguai, República Dominicana e Costa Rica já vacinaram uma proporção maior da população do que o Brasil. O primeiro da lista é o mais avançado, segundo a Johns Hopkins, e já imunizou plenamente 30,57% dos cidadãos, com mais de 13 milhões de doses aplicadas.
Em números totais de vacinas aplicadas, o levantamento da Johns Hopkins University confirma que apenas três países vacinaram mais do que o Brasil: Estados Unidos, Índia e Reino Unido.
Procurado pelo GLOBO para esclarecer as declarações de Queiroga, o Ministério da Saúde ainda não havia respondido até as 12h desta quinta-feira (22).
Atraso dos grupos prioritários
Na entrevista da quarta-feira, Marcelo Queiroga afirmou ainda que a vacinação dos grupos prioritários contra a Covid-19 vai atrasar quatro meses do cronograma inicial e só deve ser concluída em setembro.
A previsão inicial foi dada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, que previa que em maio os grupos prioritários do Programa Nacional de Imunizações (PNI) estariam imunizados
Questionado sobre o motivo da mudança, Queiroga afirmou que não se deve ficar "contando dose de vacina".
"Vamos deixar de ver só problema, porque a gente está aqui para dar solução à nossa população. Não fica com essa coisa de (ficar) contando dose de vacina, vamos vacinar a população brasileira", afirmou.
Segundo o ministro, atrasos nas entregas de fornecedores como o consórcio Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS), e problemas nas remessas de insumos utilizados na produção atrapalharam o cronograma.