Um novo estudo realizado nos Estados Unidos constatou que o leite materno de mulheres americanas está contaminado com altas incidências de PFAS, elementos químicos tóxicos associados a incidência de câncer e várias outras doenças. Os PFAS foram detectados em todas as 50 amostras testadas, em níveis quase 2 mil vezes mais altos do que alguns defensores da saúde pública recomendam ser seguro para a saúde das pessoas.
“O estudo mostra que a contaminação do leite materno por PFAS é provavelmente universal nos Estados Unidos e que esses produtos químicos prejudiciais estão contaminando o que deveria ser o alimento perfeito da natureza”, disse ao jornal The Guardian Erika Schreder, coautora e diretora científica do grupo Toxic-Free Future, de Seattle.
PFAS, ou substâncias per e polifluoroalquilo, são uma classe de cerca de 9 mil compostos usados em produtos como embalagens de alimentos, como de lanchonetes de fast food; roupas e carpetes resistentes à água e manchas. Eles são chamados de “substâncias químicas eternas”, porque não se decompõem naturalmente e se acumulam no organismo de seres humanos.
Entre os efeitos novivos desses elementos químicos, estão a incidência de câncer, defeitos congênitos, doenças do fígado, doenças da tireóide, contagem de espermatozoides em queda livre e uma série de outros problemas de saúde graves.
O estudo, publicado nesta quinta-feira, no jornal Environmental Science and Technology, encontrou PFAS em níveis no leite materno que variam de 50 partes por trilhão (ppt) a mais de 1.850 ppt.
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Não há padrões para PFAS no leite materno, mas a organização de defesa da saúde pública Environmental Working Group coloca sua meta de consultoria para água potável em 1ppt, e a Agência Federal de Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças, que integra o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, recomenda tão pouco quanto 14ppt em água potável para crianças.
Embora o estudo tenha sido realizado com base numa amostragem relativamente pequena, a contaminação afetou agrupamentos socioeconômicos e geográficos, o que “torna a questão tão difícil em um nível individual”, disse Sathyanarayana.
A pesquisa também analisou dados do leite materno em todo o mundo e descobriu que a frequência de detecção de PFAS está aumentando. Os resultados apresentados vão contra a alegação da indústria química de que sua nova geração de PFAS não se acumula em humanos. Foram encontrados mais de 12 tipos de compostos, em cerca de metade das amostras, e 16 compostos no geral, incluindo vários que estão atualmente em uso.
Entre as medidas que os autores recomendam que mulheres grávidas e mães tomem para se protegerem estão: evitar embalagens de comida à prova de gordura, protetores de manchas como ScotchGard, roupas impermeáveis que usam PFAS e produtos de cozinha com Teflon ou propriedades antiaderentes semelhantes, embora os fabricantes muitas vezes não divulguem o uso dos produtos químicos.