Uma pesquisa divulgada pela revista BMJ Nutrition Prevention & Health apontou que pessoas com dietas baseadas em vegetais têm chances 73% menores de desenvolverem quadros graves ao contrair a Covid-19. Outro dado obtido é que, entre pacientes adeptos do pescetarianismo (que comem apenas peixes e frutos do mar, mas excluem a carne de outros animais), a probabilidade de não ter um agravamento da doença chega a 53%.
Quanda comparadas as probabilidades daqueles que não seguiram as dietas e adotaram uma alimentação com baixo teor de carboidratos e proteínas, as chances de ter uma infecção de moderada a grave é quase quatro vezes maior.
De acordo com a pesquisa, o resultado se deve ao fato de as dietas à base de plantas serem ricas em nutrientes, com alto teor de fibra, vitaminas A, C, D e E, folato e minerais (ferro, potássio, magnésio). Estudos correlatos mostraram que a suplementação de alguns desses nutrientes, especificamente as vitaminas A, C, D e E, diminuíram o risco de doenças respiratórias, resfriado comum e pneumonia, e encurtaram a duração dessas doenças. Já a ingestão de peixes é uma importante fonte de vitamina D e ácidos graxos ômega 3, que têm efeitos anti-inflamatórios.
O estudo foi divulgado esta semana com base nas respostas de 2.884 médicos e enfermeiros infectados, que atuam na linha de frente contra o coronavírus no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha e nos Estados Unidos. Desse total, foram analisados 568 casos que apresentavam sintomas da doença, sejam eles leve, muito leve, moderado, grave ou muito grave.
Entre os 568 pacientes, 254 deles realizaram dietas à base de plantas e os outros 294 fizeram a dieta à base de pescados e frutos do mar. No total, 430 participantes tiveram gravidade de “muito leve a leve”, enquanto 138 tiveram gravidade “moderada a grave”, confirmando a hipótese dos pesquisadores.
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Para aprofundar a efetividade do estudo, os pesquisadores usaram um questionário de frequência alimentar de 47 itens, para diferenciar os padrões alimentares dos profissionais de saúde. Outros fatores potencialmente influentes, como região demográfica, etnia, especialidade médica e estilo de vida (tabagismo, atividade física etc.), IMC e condições médicas coexistentes também foram considerados na determinação dos principais resultados.
No entanto, os cientistas apontam que a pesquisa necessita de aprimoramento, para contemplar mais mulheres, pessoas que não sejam da área da saúde e aquelas que possuem quadros mais graves da Covid. Neste estudo realizado entre os seis países, 90% dos entrevistados foram homens médicos. Além disso, os estilos das dietas analisadas podem variar de país para país, podendo interferir no resultado.
Em entrevista à BBC, Shane McAuliffe, vice-presidente da Força-Tarefa de Nutrição e Covid-19 para o Programa de Educação / Inovação em Nutrição (NNEdPro) do Reino Unido, disse que “as tendências neste estudo são limitadas pelo tamanho da pesquisa (pequenos números com um teste positivo confirmado) e desenho (autorrelato sobre dieta e sintomas), portanto é necessário ter cautela na interpretação dos resultados. No entanto, uma dieta de qualidade é importante para montar uma resposta imunológica adequada, que, por sua vez, pode influenciar a suscetibilidade à infecção e sua gravidade”.