Após quase dois meses, o Brasil ultrapassou a Índia na média móvel diária de mortes por Covid-19. A reviravolta ocorreu no último domingo (20), segundo o site Our World In Data. Naquele dia, a média móvel brasileira era de 2.060, ante 1.975 da registrada no país asiático.
No sábado (19), a plataforma registrou a liderança da Índia, com a média móvel de 2.332 óbitos; no Brasil, o índice foi de 2.075.
A Índia estava à frente no ranking da média móvel de óbitos desde 26 de abril, desbancando o Brasil, que liderava o ranking desde 9 de março, quando ultrapassou os Estados Unidos, que já testemunhava os resultados da aceleração de sua campanha de vacinação, patrocinada a partir do final de janeiro pelo presidente Joe Biden. Desde então, a curva americana despencou — no último domingo, sua média móvel era de 281 mortes, sete vezes menor do que a brasileira.
O Brasil chegou à marca de 500 mil óbitos por Covid-19 no último sábado. O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, admitiu esta segunda-feira que o país já está diante da “escalada da montanha da terceira onda” da pandemia.
A entidade assinala que o número de casos e óbitos não arrefeceu mesmo com o aumento da imunização da população, e que, com a chegada do inverno, é esperado um crescimento de ocorrências de pacientes com problemas respiratórios.
Para o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade Duke (EUA), a elevada taxa de óbitos no Brasil é resultado dos erros cometidos na condução da pandemia pelo governo federal.
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"É basicamente uma sequência de erros crassos no manejo da entrada de variantes no Brasil pelos aeroportos internacionais, a falta de barreiras sanitárias nas rodovias para impedir o fluxo de pessoas infectadas para todo o pais, a falta de vacinas no momento certo", disse, ao Jornal Nacional.
"O governo federal ao negar a gravidade, ao não combater apropriadamente o espalhamento do vírus pelo país com medidas como lockdown e o isolamento social e uso de máscaras, basicamente definiu o destino do Brasil como pior manejo da pandemia no mundo".
O Brasil tem hoje 23% das mortes diárias por Covid no mundo. Especialistas dizem que os números da vacinação estão longe de oferecer uma proteção coletiva para a população e alertam para o risco de agravamento da doença no país.
"A média móvel vai subir sempre quando todo mundo for para rua e não respeitar que o vírus está na rua. Precisamos tomar muito cuidado porque a probabilidade de explosão do número de casos novamente é muito grande", disse, ao JN, o médico Gonzalo Vecina, professor da USP e ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
O Ministério da Saúde informou que trabalha diuturnamente para acelerar a vacinação em todo país e declarou que atua fortemente em campanhas de incentivo à vacinação e de conscientização da população sobre a importância de medidas preventivas.