Em um estudo que acompanhou 10,2 milhões de pessoas vacinadas com a CoronaVac no Chile, um grupo de cientistas constatou que a vacina tem 65% de eficácia geral (contra doença sintomática), 87% contra internação, 90% contra necessidade de UTI e 86% contra morte.
O trabalho foi publicado por cientistas coordenados pelo Ministério da Saúde do país hoje na revista New England Journal of Medicine, um dos periódicos médicos mais influentes do mundo. Os números são relativos a resultados obtidos entre 2 de fevereiro e 1º de maio deste ano na população chilena.
"Nossos resultados sugerem que a vacina de vírus SARS-CoV-2 inativado preveniu a Covid-19 de modo eficiente, incluindo contra doença grave e morte, uma descoberta com os resultados de testes de fase 2 da vacina", escreveram os pesquisadores, liderados por Alejandro Jara, professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile.
O estudo chileno foi o maior feito até agora para avaliar o desempenho da vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, que no Brasil é produzida e distribuída pelo Instituto Butantan. A pesquisa não é ainda um resultado de fase de 3 do teste clínico oficial da vacina, que tem voluntários em vários países requer acompanhamento de pacientes por um ano.
O trabalho de Jara e seus colegas é um acompanhamento feito por observação geral dessa coorte grande de pacientes, sem a observação clínica detalhada que o estudo de fase 3 exige, mas já oferece uma estimativa melhor da eficácia geral da vacina.
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Os resultados são consistentes com os números preliminares da fase 3 de ensaios clínicos realizados no Brasil, e teve números até mais otimistas. Na pesquisa brasileira, que havia avaliado 9.000 pacientes, a CoronaVac teve eficácia geral de 50,38%, mas não registrou nenhum caso grave ou morte.
Um estudo na Turquia havia apontado eficácia maior que a do Brasil (91%). Os cientistas chilenos atribuem essa variação entre os estudos brasileiro e turco a um número menor de voluntários considerados na análise.
Depois disso, um estudo conduzido em São Paulo sob financiamento da Organização Panamericana de Saúde (Opas) constatou que a vacina chinesa era efetiva contra a Covid-19 em idosos acima de 70 anos, apesar de seu desempenho cair conforme a idade.
Mesmo num cenário em que a hipertransmissível variante P.1 da Covid-19 já se alastrava, o imunizante apresentou resultado de 41,6% entre idosos, grupo que normalmente responde pior a vacinas em geral.
Agora, com um universo de mais de 10 milhões de pacientes, os chilenos afirma que já existe uma evidência mais robusta em favor da vacina.
"Ao todo, nossos resultados sugerem que a vacina CoronaVac teve alta eficácia contra doença severa, hospitalização e morte, descobertas que realçam o potencial dessa vacina de salvar vidas e reduzir significativamente a demanda sobre os sistemas de atendimento à saúde."