Covid-19: Rio prevê começar em outubro a aplicar dose de reforço em idosos
Agência Brasil
Covid-19: Rio prevê começar em outubro a aplicar dose de reforço em idosos

A prefeitura do Rio já tem previsão para aplicação da terceira dose da vacina contra a Covid-19 nos idosos, assim que concluir o calendário para os demais públicos. A chamada dose de reforço deve começar em outubro para os que têm mais de 80 anos, seguindo em novembro para os com mais de 70, chegando a dezembro para os que estão acima dos 60. Porém, quando divulgou esse calendário, a Secretaria Municipal de Saúde esclareceu que a aplicação só acontecerá se houver evidência científica sólida (de sua eficácia) e recomendação do Programa Nacional de Imunização (PNI). O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz voltou a apelar, nesta terça-feira, para as pessoas não deixarem de levar os idosos aos postos. Fiocruz alerta sobre tendência de alta na internação de idosos pela primeira vez em quatro meses.

"É um risco ter em casa um idoso que não se vacinou. É importante que todas as pessoas com mais de 60 anos se vacinem", apelou o secretário.

O alerta do secretário é feito num momento em que um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que depois de quatro meses de queda ou estabilidade, o número de hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave entre idosos com diagnóstico confirmado de Covid-19 voltou a apresentar tendência de aumento no estado. O alerta partiu do grupo de pesquisa Métodos Analíticos para Vigilância Epidemiológica, da Fiocruz (Mave/Fiocruz) e do Observatório Covid-19 BR, que traçam modelagens estatísticas da pandemia a partir de dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde.

Na última semana epidemiológica, os dados compilados pelo grupo mostram que o número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é crescente em três faixas etárias: 60 a 69 anos, 70 a 79 e 80 anos ou mais, sendo este último o público com o aumento mais acentuado. É um novo cenário que coloca o Rio de Janeiro na contramão de outros estados do país, com retorno da tendência de alta para casos confirmados de Covid-19, conforme apontou o boletim do consórcio de veículos da imprensa deste domingo.

Os dados da Fiocruz, que leva em conta a semana dos primeiros sintomas da SRAG, mostram ainda que o grupo de 80 anos ou mais tem também o maior número absoluto de hospitalizações entre as faixas que registram aumento. Nesse público, o total de novos casos projetados na atualização mais recente é de 595 ocorrências. Em seguida vêm as pessoas de 70 a 79 anos, com cerca de 420 hospitalizações, e de 60 a 69, com aproximadamente 380.

Soranz afirmou que entre as medidas que o município está tomando para reverter essa tendência estão a aceleração da vacinação, com a aplicação das doses num número grande de locais para garantir a comodidade da população. Mas disse que para manter esse ritmo é necessário que o Ministério da Saúde não atrase a entrega das doses. Soranz reforçou ainda que não é o momento de relaxar com as medidas de restrição e recomentou que a população continue usando a máscara de proteção, mantenha o distanciamento e evitem aglomerações. O secretário municipal de Saúde do Rio disse que vê com preocupação essa tendência, porque a cidade atravessa um período de inverno rigoroso com a chegada da variante Delta, que é uma combinação perigosa

"É previsível (tendência de aumento de casos). A gente está momento desafiador. Em pleno inverno e nuca vimos um tempo tão frio, o que incentiva as pessoas a permanecerem mais tempo em ambientes fechados e, com a chegada da variante Delta forma uma combinação perigosa e ideal para o vírus", afirmou.

A preocupação do secretário ganha novos contornos quando se sabe que há um grande número de idosos que sequer tomou a primeira dose. Na capital são 23 mil. Em todo o estado são 221 mil (as informações estão sujeitas ao atraso na atualização dos dados). Para se ter uma ideia do que isso representa, é como se quase toda a população de um município como Cabo Frio, que tem 230 mil habitantes, não tivesse sido imunizada.

Além disso, muitos que tomaram a primeira dose da vacina não retornaram aos postos para completar a imunização. Só na capital, a quantidade de idosos que não voltaram aos locais de vacinação beira os 100 mil, conforme o GLOBO mostrou neste sábado, a partir de informações da Secretaria municipal de Saúde (SMS).

A situação é bem diferente em São Paulo, por exemplo. Dados extraídos da plataforma LocalizaSUS e das estimativas populacionais do Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo (Seade) mostram que o número de idosos paulistas vacinados com ao menos uma dose da vacina já chegou a 120%, ou seja, superou as projeções da população total do estado para a faixa etária. Enquanto isso, o Rio se encontra no patamar dos 92% idosos contemplados com uma injeção do imunizante.

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Embora ainda considerem que é cedo para definir as causas dos novos índices, mas já é possível levantar hipóteses, os pesquisadores acreditam que uma delas se relaciona com os eventuais buracos na cobertura vacinal das pessoas com 60 anos ou mais. Para o pesquisador da Fiocruz, Marcelo Gomes, os novos números podem ter ainda uma outra causa: uma eventual saturação do efeito da vacina. A hipótese joga luz sobre a importância das medidas restritivas de combate ao contágio.

"Ainda não está muito claro o que está por trás desses números, mas um novo aumento de internações entre idosos pode significar que a vacina já entregou o que tinha de entregar, e que outros fatores seguem tendo influência sobre a pandemia. Não conseguimos reduzir o índice de transmissão, de modo que a população mais idosa, sobretudo dos 60 aos 69 anos, permaneceu superexposta", diz Gomes.

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