A Prefeitura do Rio ameaçou nesta segunda-feira, mais uma vez, ter que suspender o calendário de imunização contra o coronavírus devido ao fim do estoque de vacinas. A incerteza sobre as remessas do Ministério da Saúde tem deixado a programação sob suspense em um momento em que a cidade corre contra o tempo para aplicar a primeira dose em toda a população acima dos 18 anos até a semana que vem, com intuito de frear o avanço da variante Delta.
Nesta segunda, postos de saúde ficaram lotados de jovens de 26 anos em busca da proteção, com filas maiores que as observadas nas últimas semanas. O motivo, segundo a Secretaria municipal de Saúde (SMS), foi o tamanho da faixa populacional contemplada, o que elevou para 70 mil o número de aplicações diárias, contra uma média que se mantinha em cerca de 50 mil.
Esse contexto tem deixado a prefeitura e o Ministério da Saúde num cabo de guerra. Autoridades municipais apontam problemas de logística na distribuição, enquanto o governo federal afirma enviar as doses aos estados em até 48 horas após receber os carregamentos do exterior ou dos laboratórios nacionais.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirma que a remessa que chegou ao Rio domingo à noite, por exemplo, levou de seis a oito dias para ser entregue. Para manter a vacinação de ontem, as doses tiveram que ser levadas aos postos de saúde de madrugada.
Segundo Soranz, o Estado do Rio recebeu 285.460 doses da Pfizer e 129.600 da CoronaVac, que já estavam com o Ministério da Saúde havia mais de uma semana. A quantidade destinada à capital só é suficiente para hoje, quando são esperadas novos lotes de imunizantes.
"O da CoronaVac foi entregue pelo Butantan na quarta passada. O da Pfizer era do estoque que tinha vacina até do dia 31 de julho. A expectativa era que o ministério distribuísse tudo em até 24 horas. Mas, infelizmente, isso não está acontecendo, e eles estão ajustando", explicou o secretário. "Esperamos que o Ministério da Saúde envie mais doses. Se não, a campanha será suspensa na quarta-feira".
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Diferentes alegações
O secretário também afirmou que, apesar das extensas filas, o tempo de espera nos postos de saúde ontem foi de sete a 30 minutos:
"Estamos operando no limite da rede. Sábado, foram 70 mil vacinados. Hoje (ontem), devem ter mais 70 mil".
Essa falta de regularidade e de organização levou a prefeitura do Rio a suspender a aplicação de primeiras doses no último dia 23, e a vacinação só foi retomada cinco dias depois. Desde então, há sempre um risco de nova interrupção. Segundo o secretário, o problema atualmente não é a quantidade de vacinas entregues por lote, mas, sim, a velocidade da logística.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem culpado a “burocracia” nas etapas de liberação dos imunizantes. Anteontem, ele afirmou que não há represamento de vacinas e que os antígenos podem faltar “eventualmente”, caso as secretarias locais não façam reservas de doses.
Nos aeroportos, os processos têm até sido mais ágeis. A carga precisa ser liberada pela Receita Federal e, em seguida, passa pelo controle da Anvisa e do Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS), o que tem sido feito em poucas horas.
Para esta semana, estão previstas três novas entregas, num total de 3,2 milhões de doses de Pfizer aos estados. Pelo cronograma, até 22 de agosto, serão 17 milhões de doses do imunizante da farmacêutica para todo o país. Da AstraZeneca, as remessas continuam sendo feitas uma vez por semana. Segundo Soranz, o ministério tem hoje, já em seu estoque, 9,7 milhões de vacinas, prontas para serem entregues.