O Rio de Janeiro vai testar o reforço da vacina contra a Covid-19 em idosos na Ilha de Paquetá, como parte do estudo "PaqueTá Vacinada". A informação é do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
A distribuição da terceira dose na ilha está prevista para o dia 29 de agosto. Antes de tomar a nova injeção, os idosos do bairro passarão por um novo teste sorológico que mede a presença de anticorpos contra o coronavírus no sangue. O objetivo é saber se houve perda de imunidade desde a última dose do imunizante. O novo estudo pode lançar as bases para uma estratégia de reforço da imunização contra a Covid-19 em todo o município.
"Em Paquetá, finalizamos a aplicação da segunda dose hoje. Daqui a 14 dias, a gente vem colher uma nova amostra de sangue de todas as pessoas, com foco nos idosos. E vamos aplicar a terceira dose nos idosos que já tomaram a vacina. Poderão ser vacinas diferentes, já que tem idoso que tomou a vacina da AstraZeneca, da Pfizer e a CoronaVac, que é o caso da maioria", disse o secretário.
A terceira dose deverá ser da vacina da AstraZeneca ou da Pfizer. Ou seja, os idosos poderão tomar uma nova injeção de uma das duas marcas, mesmo tendo recebido duas doses da CoronaVac, por exemplo.
A literatura médica recente indica benefícios na mistura de vacinas, a chamada vacinação heteróloga. Um estudo espanhol publicado na revista "The Lancet", desenvolvido no Instituto Carlos III, chama atenção para o incremento na resposta imunológica contra a Covid-19 observado em quem tomou a primeira dose da vacina da AstraZeneca e a segunda da Pfizer.
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Realizado com 663 voluntários de 18 a 59 anos de idade, ele apontou um resultado de eficácia entre três e quatro vezes maior do que o da vacinação homóloga, seja de qual vacina for. Outra pesquisa, conduzida pela Universidade Saarland, na Alemanha, entre 250 profissionais de saúde, mostrou que a combinação de diferentes imunizantes garantiu uma eficácia até dez vezes maior na resposta imune do organismo.
A intercambialidade de vacinas, outro termo usado para a mistura de diferentes marcas, pode ser um poderoso aliado na proteção dos mais idosos. Além de menos suscetível à ação das vacinas, a faixa etária também perde mais rapidamente a imunidade conferida por imunobiológicos — um processo conhecido como imunossenescência.
Segundo especialistas, essas características podem estar contribuindo para uma preocupante retomada no número de óbitos por Covid-19 entre pessoas de 60 anos ou mais, descrita em estimativas recentes da Fiocruz.
Covid-19: Com mortes de idosos em alta, número de internações de maiores de 80 anos chega ao maior patamar da pandemia no Rio, estima Fiocruz
Nesta sexta-feira, o GLOBO revelou que a Prefeitura do Rio pretende ministrar a terceira dose dos idosos junto à primeira dos adolescentes. A proposta ainda precisa, contudo, do aval do Ministério da Saúde.
Enquanto aguarda o sinal verde do governo federal, a Secretaria municipal de Saúde já elabora um calendário para a próxima etapa da campanha de vacinação na cidade, contemplando, além da imunização de menores, o reforço dos maiores de 60. O novo cronograma deve ser divulgado nos próximos dias.