Um estudo publicado pela Associação Americana do Coração aponta que pessoas que vivem com HIV e não têm a infecção controlada têm um risco 70% maior de sofrer uma parada cardíaca súbita do que indivíduos sem o vírus.
Os dois principais indicadores para definir se a infecção está sob controle é ter uma carga viral reduzida ou indetectável e manter níveis altos de células T-CD4, que integram nosso sistema imunológico. Pacientes que não fazem o tratamento com a terapia antirretroviral ou que não têm uma boa resposta a essas drogas são os que costumam apresentar carga viral alta.
Entre os indivíduos que vivem com o HIV, mas que tem carga viral baixa e níveis altos das células T-CD4, não há risco aumentado de parada cardíaca súbita. Nos dois grupos, a presença de condições como hipertensão, tabagismo, infecção por hepatite C, anemia, abuso de álcool e doença pulmonar obstrutiva crônica também elevam o risco do problema cardíaco.
A conclusão decorre da análise do cadastro de mais de 120 mil pessoas que fazem parte de um estudo americano de veteranos infectados ou não por HIV. Os pesquisadores levaram em consideração, além da infecção e do controle da condição, fatores como idade, sexo, etnia, presença de doença cardíaca ou renal e dependência ou abuso de cocaína ou álcool.
Os participantes do estudo eram 97% do sexo masculino, sendo 47% deles afro-americanos e com idade média de 50 anos no momento da inscrição. Durante acompanhamento de nove anos, a morte súbita cardíaca foi citada como a causa da morte de 3 035 veteranos, dos quais 26% carregavam o HIV.
Em um comunicado para a imprensa, os pesquisadores alertaram para outros riscos à saúde provocados pela infecção. “As pessoas que vivem com HIV já são conhecidas por terem uma chance maior de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, coágulos sanguíneos nos pulmões e doença arterial periférica”, diz a nota.
Tais doenças se associam a problemas cardiovasculares graves em pessoas que apresentam um sistema imunológico comprometido, afirmam os estudiosos. Por isso, indicam manter os níveis virais do HIV baixos e evitar ou controlar os fatores de risco de doenças cardíacas.
Outras investigações são necessárias para confirmar os resultados do estudo, devido a fatores como a predominância de homens no trabalho e a indisponibilidade de todos os laudos de necropsia dos veteranos mortos.
Vale ressaltar que a parada cardíaca súbita ocorre quando o coração cessa de bater repentinamente, o que prejudica o fluxo sanguíneo para o cérebro e estruturas vitais. Isso, sem tratamento, pode resultar em morte em minutos. Já no infarto, o órgão continua batendo, apesar da redução ou bloqueio do suprimento de sangue.