A Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, está planejando pedir aos reguladores federais no início desta semana que autorizem uma injeção de reforço de sua vacina — que foi autorizada para uso com o esquema de dose única — contra o coronavírus, de acordo com funcionários familiarizados com os planos da empresa. A fabricante é a última dos três fornecedores de vacinas autorizados pelo governo federal americano a pedir injeções extras, em meio a evidências crescentes de que pelo menos os idosos e outros grupos de alto risco precisam de mais proteção.
As autoridades federais estão cada vez mais preocupadas com os mais de 15 milhões de americanos que receberam a vacina da Janssen e enfrentam um risco muito grande de Covid-19 grave. A Food and Drug Administration (FDA) agendou na sexta-feira uma reunião para 15 de outubro de seu comitê consultivo de especialistas para discutir a concessão de autorização de uso emergencial de uma injeção de reforço da vacina da Johnson & Johnson.
Isso faz parte de um esforço mais amplo do governo para reforçar a proteção fornecida pelas três vacinas. Os reguladores autorizaram no mês passado uma injeção de reforço para pessoas com 65 anos ou mais, pessoas com alto risco de doença grave e outras que são regularmente expostas ao vírus que receberam a vacina da Pfizer/BioNTech e estão considerando fazer o mesmo este mês para os destinatários da Moderna.
O fato de a reunião do comitê consultivo sobre a Johnson & Johnson ter sido agendada antes mesmo de a empresa apresentar um pedido à FDA reflete um senso particular de urgência na administração do presidente Joe Biden para fornecer mais proteção aos destinatários dessa vacina.
Embora o governo federal tenha enfatizado por meses que todas as três vacinas são altamente eficazes, um estudo recente dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) descobriu que a vacina de dose única da Johnson & Johnson foi apenas 71% eficaz contra a hospitalização por Covid-19, em comparação com 88% para a vacina da Pfizer-BioNTech e 93% para a Moderna.
“Dados do mundo real sugerem que os regimes de vacina de mRNA de duas doses Moderna e Pfizer-BioNTech fornecem mais proteção” do que a dose única de Johnson & Johnson, disseram os pesquisadores. Outra pesquisa descobriu que os destinatários da vacina da Janssen eram mais propensos a ter infecções disruptivas ou Covid-19 sintomático do que os destinatários das outras duas vacinas.
A Johnson & Johnson cita alguns estudos com melhores resultados: Um estudo com quase dois milhões de pessoas, financiado pela empresa, estimou que a vacina era 81% eficaz contra a hospitalização. Outra pesquisa sugere que a proteção da vacina da Johnson & Johnson não diminui com o tempo, como a proteção da vacina da Pfizer-BioNTech.
No entanto, a Janssen agora parece concordar com as autoridades federais que uma única injeção de sua vacina não é suficiente.
No mês passado, a empresa anunciou que uma segunda dose, administrada dois meses após a primeira, aumentou a eficácia da vacina contra a Covid-19 sintomática em cerca de 22 pontos percentuais, para 94%. A fabricante também disse que duas injeções foram 100% eficazes contra doenças graves, embora essa estimativa fosse menos conclusiva.