A Firjan inaugurou, nesta quinta-feira, o novo Laboratório de Biologia Molecular (Lab Biomol) na área do Instituto Senai de Química Verde, na Tijuca, Zona Norte do Rio. A nova instalação tem nível de biossegurança 3, o que possibilita o manejo e o estudo do coronavírus SARS-Cov-2, além de outros agentes causadores de doenças com capacidade de reemergir no horizonte da Saúde Pública no país e no mundo: os vírus da zika, chikungunya e febre amarela, entre outros. Além disso, o laboratório atuará na ampliação da oferta de testes de Covid-19, bem como no desenvolvimento de novas vacinas, remédios e insumos direcionados ao combate de doenças infectocontagiosas.
A cerimônia de inauguração, que aconteceu na sede do laboratório, reuniu o presidente em exercício da Firjan, Luiz Césio Caetano, o vice-presidente de Desenvolvimento Institucional e Gestão da Fiocruz, Mario Moreira, e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, discursou remotamente.
"A existência de um laboratório de nível de biossegurança 3 como este fez muita falta durante a pandemia, pois no Brasil temos poucos, e os que existem estão carecendo de manutenção e mesmo de novas construções", disse Mario Moreira.
A Firjan e a Fiocruz celebraram um acordo de cooperação técnica que visa a identificar, com os recursos do Lab Biomol, o surgimento de possíveis doenças, como novas variantes do SARS-CoV-2, e evitar sua disseminação. A força-tarefa levará o nome de Modelo Preditivo de Doenças Infectocontagiosas com Impacto Ocupacional.
"Dispêndios em saúde não são gastos, são investimentos. Na pandemia, vimos uma população sem saúde para a economia e isso já bastaria para ressaltar a importância desses investimentos", afirmou ainda Mario Moreira. "Tivemos uma dificuldade de importação de máscaras, ventiladores, equipamentos hospitalares e insumos para vacina, que até hoje são disputados. Em se tratando dos ingredientes farmacêuticos ativos, estamos presenciando filas. Processos que levavam um ou dois meses agora levam seis ou até mais. Isso é incompatível com o nosso Sistema Único de Saúde (SUS). Adicionalmente, eu diria que estamos exportando empregos, renda e riqueza para outros países".
O novo laboratório faz parte do Complexo Industrial de Saúde do Rio de Janeiro, que reúne instituições como a Fiocruz, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e outros centros de pesquisas.
"O Rio se destaca pela qualidade e a força de sua produção científica, através de uma vasta rede de instituições de ensino e pesquisa de elevado reconhecimento. O Complexo Industrial do Rio de Janeiro também se distingue por uma importante atuação industrial no campo das vacinas, fármacos, especiarias químicas, além de inúmeros produtos na cadeia de valor da Saúde", ressaltou Luiz Caetano em seu discurso.
Daniel Soranz endossou a avaliação de que o aparato da rede de saúde pública brasileira necessita de reforço em áreas estratégicas, e pontuou que o Estado do Rio pode desempenhar um papel importante nesse processo:
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"Esse laboratório reforça nossa capacidade na produção de tecnologia, mas também na produção de testes diagnósticos. Não preciso falar o quanto a gente perdeu ao longo de décadas da capacidade do Rio de Janeiro de ser de fato um produtor de insumos de Saúde. Perdemos muito na nossa indústria farmacêutica nos últimos anos, e agora é hora de recuperarmos isso".
O ministro Marcelo Queiroga cumprimentou a Firjan pela iniciativa e falou em fortalecimento do SUS. Ele destacou ainda a função da Fiocruz na solução para a escassez de recursos vista durante a pandemia — como máscaras, fármacos e equipamentos.
"Durante a pandemia, observamos muitas dificuldades, até máscaras tivemos de importar da Ásia. Mas nosso país soube dar respostas, e isso se deve à grande capacidade dos brasileiros, em especial a Fiocruz, que é parte integrante do Ministério da Saúde", afirmou. "Temos agora um cenário epidemiológico mais controlado, e temos uma das maiores campanhas de imunização contra a Covid do mundo. E a vacina da Fiocruz é a principal usada no PNI atualmente".
Queiroga disse também que a “saúde é um direito social e fundamental para os brasileiros” e convocou a iniciativa privada a participar do processo:
"O Brasil investe 9,2% do PIB na saúde, um direito social e fundamental para os brasileiros, mas também uma excelente oportunidade de negócio. O governo Bolsonaro é conservador em relação aos costumes, à aplicação correta dos recursos públicos, mas liberal na economia, com o objetivo de retirar entraves e criar uma ambiência de negócios favorável".