Como o uso de pílula para tratamento da Covid-19 pode ajudar os hospitais?
Tamires Ferreira
Como o uso de pílula para tratamento da Covid-19 pode ajudar os hospitais?

Nas últimas semanas, um novo tratamento para  Covid-19 com pílula tem trazido uma luz no fim do túnel para a situação pandêmica no mundo e também dos hospitais. O método foi desenvolvido pela farmacêutica Merck Sharp & Dohme que, inclusive, já pediu a Food and Drug Administration (FDA) – Anvisa dos EUA – uma autorização para ser o primeiro medicamento em pílula eficaz contra a infecção do coronavírus.

No entanto, o Molnupiravir, como é chamado, se aprovado não deverá ser apenas uma solução de tratamento para os infectados com a Covid-19, já que traz também uma solução para a situação de sobrecarga do sistema de saúde pública, calamidade que se instalou nos hospitais com a chegada da pandemia.

Segundo Mansoor Amiji, professor universitário de ciências farmacêuticas e engenharia química da Northeastern, com essa pílula os médicos poderiam prescrever o tratamento para pacientes com Covid-19 não muito depois de eles testarem positivo e começarem a exibir os sintomas. Além disso, também não seria necessário esperar que o caso de um paciente ficasse tão grave a ponto de exigir hospitalização para começar a usar tratamentos já disponíveis.

“Isso deve reduzir muito o fardo – não completamente, mas se pudéssemos cortá-lo pela metade, faria uma grande diferença”, acrescentou Gary Young, professor de gestão estratégica e sistemas de saúde da Northeastern e diretor do Northeastern University Center for Política de saúde e pesquisa em saúde.

Eficácia do Molnupiravir

De acordo com informações do Medical Xpress, um estudo feito pela própria Merck mostrou que o uso do Molnupiravir por um período de cinco dias reduziu em 50% as chances de um paciente recém diagnosticado com Covid-19 de ser hospitalizado.

Mesmo com a queda de hospitalização e casos em alguns lugares, outros, como os Estados Unidos, estão sofrendo com o surto da variante Delta, bem como o atraso na vacinação em outros países.

As consequências da gestão que foi precisa para ter leitos, equipamentos e medicamentos para tratamento também afetou não apenas a vida das pessoas, mas a parte financeira de diversos hospitais – principalmente para aqueles que já enfrentavam uma crise.

“Muitos hospitais foram realmente prejudicados financeiramente. O fato de estarem mancando tem implicações mais amplas para a qualidade do atendimento no futuro. Em última análise, isso pode se traduzir em algumas situações muito trágicas”, disse Young. “[A pílula] poderia reduzir o custo financeiro que os hospitais estão enfrentando. Os hospitais não terão que reduzir os serviços.”

Os especialistas, no entanto, ressaltam que nada substitui a vacinação e que a chegada da pílula vai agregar o conjunto de medidas já impostas para o combate da Covid-19.

“Não há substituto para a vacinação”, afirmou Amiji. “A vacinação é o padrão ouro. É a obrigação. É realmente o que vai nos salvar e nos tirar desta pandemia.”

Fiocruz de olho na pílula

Rápida, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já está negociando com a Merck Sharp and Dohme para produzir a pílula no Brasil, mais especificamente no laboratório do Rio de Janeiro.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, os termos do acordo ainda estão sendo discutidos pelos laboratórios envolvidos. A Fiocruz também precisa estudar com o Ministério da Saúde a demanda para esse medicamento.

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