Após duas mortes de policiais militares, com suspeita de febre maculosa, que participaram do Curso de Operações de Polícia de Choque (COPC) no Rio de Janeiro, o secretário estadual de Saúde Alexandre Chieppe disse, em entrevista coletiva nesta segunda-feira, que a pasta investiga os óbitos dos agentes e que a região onde o curso foi realizado não tem histórico da doença. O local do curso não foi divulgado.
"A febre maculosa é transmitida por uma bactéria que usa um carrapato específico como vetor de transmissão. Esse carrapato sobrevive em capivaras, por exemplo. No Rio, os locais de ocorrência da febre maculosa geralmente são nas regiões Noroeste e Serrana. Essa região que fomos notificados ainda de forma preliminar não é uma região endêmica da doença. Estamos monitorando todos que participaram para impedir formas graves, caso alguém apresente sintomas", afirmou o secretário.
Neste domingo, o cabo Mario César Coutinho de Amaral morreu, com suspeita da doença. Mario estava na corporação há nove anos e no Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) há quatro, onde era instrutor.
Na última sexta-feira, o sargento Carlos Eduardo da Silva também morreu com suspeita. O policial atuava como instrutor do curso deste ano e adoeceu durante a "etapa da mata" da instrução. Os exames complementares para checagem das circunstâncias do óbito, no entanto, ainda estão sendo realizados pelo Hospital da Fiocruz, onde o agente estava internado quando faleceu.
Outros militares que participavam do curso estão sendo acompanhados, sob avaliação e passando por testes, pelo Ambulatório de Febre do Instituto Oswaldo Cruz. Segundo relatos, a transmissão da doença aconteceu durante uma "etapa de mata" da instrução, mais longa durante o COPC. Por enquanto, o Curso de Operações de Polícia de Choque (COPC) está suspenso.
Entenda como ocorre transmissão
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Rickettsia. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, duas espécies estão associadas à febre maculosa: Rickettsia rickettsii, mais registrada do norte do Paraná e nos estados da região Sudeste, como Minas Gerais; e Rickettsia sp. cepa Mata Atlântica, que é registrada em áreas silvestres e apresenta sintomas mais leves.
A transmissão em seres humanos ocorre por meio da picada do carrapato infectado pela bactéria causadora da doença. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.