Influenza: Rio tem alta de 71% em casos de SRAG, aponta Fiocruz
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Influenza: Rio tem alta de 71% em casos de SRAG, aponta Fiocruz

Com um  surto de influenza A na capital, o Rio de Janeiro vive seu primeiro aumento em casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) desde agosto. Entre o fim de outubro e o início de dezembro, o estado teve uma alta de 71% em casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), apontam dados da última atualização do Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgados em primeira mão pelo GLOBO.

Segundo o estudo, o aumento foi alavancado pela cidade do Rio, com destaque para as faixas etárias de 20 a 29 anos, 50 a 59 e crianças e adolescentes em geral. Embora ainda não tenha se refletido nos números do país, a situação do Rio é um alerta para os demais estados, pontuam os autores do boletim.

“Tal avanço pode vir a se reproduzir nos demais estados em função da grande quantidade de pessoas que diariamente se deslocam da capital fluminense para os demais centros urbanos do país, facilitando a importação de casos especialmente no cenário atual de flexibilização das medidas de prevenção à transmissão de vírus respiratórios”, dizem os especialistas em documento enviado às Secretarias de Saúde do país nesta quarta-feira.

Entre as semanas epidemiológicas 43 (24 a 30 de outubro) e 48 (28 de novembro a 4 de dezembro), a média móvel do número de casos semanais estimado pela Fiocruz saltou de 329 para 561. Esta é a primeira vez que o Rio registra um aumento no índice desde o fim de julho e o início de agosto, quando as ocorrências estimadas subiram 28% entre as semanas 30 (25 a 31 de julho) e 31 (1º a 7 de agosto).

Em valores absolutos, o Rio volta ao patamar da semana 39 (26 de setembro a 2 de novembro), quando foram estimados 503 casos. O estado é um dos poucos do país que atualmente apresentam, segundo a Fiocruz, tendência forte de crescimento de longo prazo (que considera dados dos últimos seis meses) e de curto prazo (com dados dos últimos três meses) ao mesmo tempo.

Os cálculos foram feitos por nowcasting, um método que considera o comportamento histórico dos números em análises epidemiológicas para amortecer o impacto do atraso das redes de vigilância locais na notificação de casos. Esta é feita, por sua vez, pelo Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe).

Apesar da pandemia de Covid-19, os achados sugerem a ação local do vírus influenza no Rio de Janeiro, conforme dados de análises laboratoriais. Embora ainda sejam preliminares e estejam sujeitos a alterações nas próximas semanas, os números de laboratório apontaram, pela primeira vez no ano, uma maior quantidade de casos positivos para influenza do que para o SARS-Cov-2, da Covid-19, nas semanas epidemiológicas 47 e 48.

“Em decorrência da grande relevância da capital fluminense na rede de mobilidade aérea nacional, tal cenário serve de alerta aos demais grandes centros urbanos e turísticos em função do risco de importação de casos de influenza, especialmente em locais cujas medidas não farmacológicas para a mitigação da transmissão da Covid-19 estejam com baixa adesão, pois também afetam a transmissibilidade do vírus influenza”, diz o boletim.

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"É uma epidemia localizada na capital, que tem grandes chances de se alastrar pelas outras cidades", pontua o pesquisador Marcelo Gomes, do grupo de Métodos Analíticos em Vigilância Epidemiológica da Fiocruz (Mave/Fiocruz), um dos autores do boletim.

Gomes classifica o aumento como "expressivo".

"Por enquanto, o aumento significativo de casos de SRAG associados à influenza ainda se concentra no Rio de Janeiro. Mas ele atingiu números expressivos, com forte tendência de crescimento. E isso, em função da característica do Rio de ter um grande fluxo de pessoas se deslocando diariamente para outros centros urbanos, como São Paulo, faz com que a gente tenha um nível de exposição muito grande. A probabilidade de que existam pessoas infectadas embarcando do Rio para Salvador, Porto Alegre, entre outros locais, é cada vez maior", diz.

Aumento por faixa etária

Os dados da Fiocruz apontam que todas as faixas etárias registraram aumento no período, com exceção do grupo de 60 a 69 anos, que teve uma queda de 5%.

A faixa dos 20 a 29 anos registraram a maior alta, uma explosão de 619%. Essa variação, de acordo com os especialistas da Fiocruz, pode ser superestimada, em razão de uma possível mudança na oportunidade da digitação dos dados (diante da emergência de Saúde Pública, as secretarias podem ter acelerado o processo de notificação dos casos).

Ainda assim, o grupo de 20 a 29 apresenta a maior variação em outros recortes temporais, o que reforça a gravidade da situação desse público. Entre as semanas 43 e 47 (21 a 27 de novembro), por exemplo, o aumento foi de 252%.

A situação também é crítica para a faixa de 50 a 59 anos, que teve um crescimento de 165%, e a de 80 anos ou mais, que registrou uma alta de 73%.

Entre as crianças, os casos graves de infecção respiratória também cresceram. Na faixa de 0 a 9 anos, cujos números denotam ainda a influência da circulação de outro patógeno, o vírus sincicial respiratório, o VSR, a alta foi de 51% no período. Na faixa de 10 a 19, a subida foi de 56%.

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