Uma médica ginecologista de 49 anos, moradora da cidade de Botucatu, no interior de São Paulo, foi infectada simultaneamente pelos vírus causadores da Covid-19 (SarsCov-2), da gripe (Influenza A) e do resfriado comum (adenovírus).
A paciente foi diagnosticada pelo médico Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de Infectologia da Unesp, que atendeu a mulher no dia 22 de dezembro. O caso chama a atenção pela médica ter tomado às três doses da vacina contra a covid-19.
De acordo com o infectologista, a paciente procurou seu consultório particular com sintomas gripais como dor de garganta, sensação febril, dores no corpo e cansaço. A detecção foi feita através de um exame conhecido como painel viral, o "padrão ouro na investigação de síndromes gripais", capaz de identificar diferentes tipos de vírus.
Um dos motivos que pode ter explicado a tripla infecção é a de que ela participou de vários eventos sociais de forma consecutiva no mês de dezembro, segundo o médico.
Entre os dias 14 e 19 de dezembro, a ginecologista participou de cinco eventos, incluindo um campeonato esportivo, uma confraternização em uma adega com cerca de 25 amigas e um encontro familiar pré-Natal, onde tinha a presença da avó de 90 anos.
O médico afirmou que o diagnóstico de três vírus em simultâneo não é nada comum, mas lembra que foram detectados muitos casos de “flurona” no Estado de São Paulo, nome dado a coinfecção de Covid-19 e Influenza. Ainda que o caso chame a atenção pela raridade e não seja desejável, a coinfecção não é algo novo na medicina.
— Nós já tinhamos notícia de casos de coinfecção de influenza com corona, que o pessoal chama de Flurona, mas a gente não tinha visto isso ainda, de três vírus ao mesmo tempo o que é uma surpresa pelo momento que vivemos — disse o infectoogista.
Leia Também
Segundo o médico, já havia dois dias de tosse seca, nariz escorrendo e dor no corpo, quando ela apareceu em seu consultório. Em todos os eventos que ela frequentou, as pessoas não utilizavam máscaras. Ainda segundo o infectologista, a médica disse ter relaxado demais com a atual situação da pandemia.
— É um caso interessante para mostrar como as pessoas estão se expondo. Isso evidencia um entendimento errado do que seria flexibilização das medidas restritivas. É necessário que as pessoas sigam tendo as regras básicas de prevenção a qualquer infecção respiratória viral. Obvio que hoje em dia, as pessoas consigam praticar certas atividades mas, essa paciente é um exemplo de como houve relaxamento excessivo. Ela tinha praticado diversas atividades e nossa interpretação foi de que ela se expôs a multiplas situações de risco. O que aconteceu com grande parte da população — explicou Barbosa.
Entre os familiares da paciente, ninguém foi detectado com o vírus causador da Covid-19. Já a ginecologista, segundo o médico, se recuperou bem sendo liberada para voltar às atividades cotidianas normalmente.
Por ser o médico pessoal da ginecologista, o infectologista afirmou que a mulher já recebera às três doses da vacina contra a Covid-19, importante para que não avançasse para um quadro grave, diminuindo os riscos de hospitalização e de morte.