O Ministério da Saúde não finalizou o cronograma de entrega de doses para 2022. Até o momento, a pasta mantém a previsão de 354 milhões de doses, distribuídas de forma escalonada a partir de janeiro, mas ainda não há um quantitativo mensal ou mesmo trimestral. A informação foi confirmada ao GLOBO por integrantes ligados à pasta e oficialmente pelo órgão.
A única projeção já com data definida é a chegada das 20 milhões de doses pediátricas da Pfizer até o fim de março. Desse total, o Brasil deve receber, em janeiro, cerca 3,7 milhões de vacinas para crianças de 5 a 11 anos. Segundo o anúncio, serão duas doses, com intervalo de oito semanas. Não haverá exigência de receita médica.
A previsão é que a imunização comece entre os dias 14 e 15 deste mês. Cabe à pasta enviar as doses, mas estados, municípios e o Distrito Federal têm autonomia para definir os calendários de vacinação.
Especialistas ouvidos pelo GLOBO consideram há demora na definição do calendário.
"É importante ter o planejamento, entender o que está contratando por ano e, a partir da utilização dessas vacinas, qual vai ser a proposta de liberação. Poderia ter, sim, um cronograma para atender o que já anunciaram (dose de reforço, por exemplo)", declarou o professor de Infectologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda.
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Para médico sanitarista da Fiocruz Brasília Claudio Maierovitch, o calendário já deveria ter sido definido, mas o ministério pode ter fôlego no planejamento diante do estoque de doses:
"Seria importante fechar isso (o calendário), é verdade. Porém, eu entendo que ainda é difícil fazer isso com precisão, até porque, se o ministério entra no ano com estoque razoável, isso permite ainda algum tempinho de planejamento".
Ao todo, a pasta contratou 120 de doses de AstraZeneca, produzidas pela Fiocruz, e 100 milhões da Pfizer. Além disso, há 134 milhões de doses remanescentes de 2021. No total, também estão incluídas vacinas da Pfizer para crianças.
"A quantidade é suficiente para dar continuidade à campanha de vacinação contra a doença e garantir a imunização de todos os brasileiros, incluindo a aplicação das doses de reforço. As doses serão entregues a partir de janeiro, de forma escalonada, buscando garantir a imunização da população brasileira de forma ágil e segura", diz a nota enviada ao GLOBO.
Ao GLOBO, a Pfizer se limitou a informar que as 100 milhões de doses — que incluem as direcionadas ao público infantil — devem ser entregues até dezembro. Procurada pela reportagem, a Fiocruz não respondeu até o fechamento desta publicação.