A pesquisa mostrou que o consumo de cerveja e destilados está associado a níveis elevados de gordura visceral
Reprodução/Shutterstock - 21.04.2022
A pesquisa mostrou que o consumo de cerveja e destilados está associado a níveis elevados de gordura visceral

Não é exatamente uma novidade que o álcool engorda. Em geral, um dos primeiros itens que os nutricionistas cortam ou recomendam a redução do consumo na dieta, são bebidas alcoólicas . A substância também contribui para o aumento do risco de doenças cardiovasculares. Mas um novo estudo revelou que nem toda bebida alcoólica tem o mesmo efeito na silhueta e na saúde.

A cerveja e os destilados estão associados a níveis elevados de gordura visceral, o tipo prejudicial de gordura que está associado a um risco aumentado de doenças cardiovasculares, síndrome metabólica e outras complicações de saúde. O vinho por outro lado, não só não está relacionado com aumento dos níveis dessas gorduras, como pode até proteger contra ela, dependendo do tipo. Essa é a conclusão de um estudo pulicado recentemente na revista Obesity Science & Practice.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram registros de saúde de 1.869 adultos do Reino Unido, com idade entre 40 e 79 anos, que faziam parte do UK Biobank, um banco de dados longitudinal de grande escala. Os documentos continham informações como fatores demográficos, consumo de álcool, dieta e estilo de vida. Também foram coletadas dados sobre altura e peso, além de amostras de sangue de cada participante. Informações de composição corporal foram obtidas usando uma medida direta da composição corporal chamada absorciometria de raios X de dupla energia.

Os resultados mostraram que o consumo de cerveja e destilados está associado a níveis elevados de gordura visceral,  o que foi impulsionado pela dislipidemia e resistência à insulina. Por outro lado, o vinho tinto foi relacionado a menos massa adiposa visceral, o que foi impulsionado pela redução da inflamação e elevação de lipoproteínas de alta densidade, o colesterol "bom".

O vinho branco não influenciou os níveis de gordura visceral, mas o consumo moderado da bebida ofereceu um benefício único para a saúde de adultos mais velhos: ossos mais densos. Cerveja e vinho tinto não impactaram na densidade óssea.

"A associação direta da densidade mineral óssea do vinho branco pode ser atribuída a maiores quantidades de polifenóis específicos encontrados no vinho branco em comparação com o vinho tinto", escreveram os autores. Um desses polifenois é o ácido protocatecuico, que está associado à redução da perda óssea. Outra alternativa é a possível presença de um polifenol que atua no suporte ósseo, exclusivo do vinho branco.

A composição e o efeito de cada bebida

A explicação para essa diferença, de acordo com os pesquisadores, pode estar nas características de cada bebida.  A cerveja, por exemplo, contém o menor valor alcoólico por volume de todos os tipos de bebidas alcoólicas - teor alcoólico entre 4% e 6% em uma cerveja padrão. No entanto, as calorias fornecidas por ela são predominantemente de carboidratos, o que contribui para o aumento da massa adiposa visceral.

A relação entre o consumo de destilados e o aumento da gordura visceral é um pouco mas nebulosa. Mas os pesquisadores acreditam que possa ser explicado pelo comprometimento da função renal, causado por esse tipo de bebida.

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Já o efeito protetor do vinho tinto pode ser explicado pela influência da bebida nos níveis de colesterol HDL, lipoproteína ApoA e cistatina C. Esse efeito benéfico pode ainda ser parcialmente atribuído ao resveratrol, um polifenol encontrado em grande quantidade em uvas e no vinho tinto, que pode reduzir a inflamação e desencorajar o armazenamento de gordura nos adipócitos humanos.

Os pesquisadores alertam que níveis mais altos de gordura corporal tem sido consistentemente associado a um risco aumentado de muitas doenças diferentes, incluindo doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e um risco maior de morte.

O próximo passo do estudo será examinar como a dieta – incluindo o consumo de cada tipo de álcool – pode influenciar doenças do cérebro e cognição em idosos com comprometimento cognitivo leve.

Consumo moderado

As principais diretrizes de saúde definem o consumo moderado de álcool como duas doses ao dia para homens e uma dose para mulheres. Cada dose corresponde a uma lata de 350 ml de cerveja, uma taça de 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado, como vodca ou gim. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem parâmetros ainda mais rígidos. A organização recomenda abster-se de beber pelo menos dois dias por semana. 

Vale lembrar que, independente do tipo de bebida, o excesso de álcool é extremamente prejudicial à saúde. Além disso, evidências recentes indicam que não há limite seguro para a ingestão de bebidas alcoólicas.

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