A Organização Mundial de Saúde (OMS) já registrou 228 casos, e outros 50 suspeitos, da hepatite misteriosa que tem provocado um surto em crianças em ao menos 20 países. A instituição informou ainda que segue recebendo dezenas de comunicados com novos diagnósticos e que a situação é “muito urgente”.
Os primeiros casos da hepatite grave em crianças com menos de 10 anos foram detectados no dia 5 de abril, no Reino Unido. Vinte dias depois, já haviam sido identificadas ao menos 114 ocorrências na região, que é a mais afetada pelo surto.
Em seguida, foram registrados casos na Espanha; na Dinamarca; na Irlanda; na Holanda; na Itália; na França; na Noruega; na Romênia e na Bélgica, tornando a Europa o local com o maior número de diagnósticos da doença.
Além dos países do continente, foram registrados casos em Israel, Estados Unidos, Indonésia, Japão, Canadá e em outros lugares que analisam suspeitas de diagnósticos da doença. As crianças afetadas têm entre um mês de vida e 16 anos de idade, com a maioria tendo menos de 10 anos.
A origem da hepatite é desconhecida, uma vez que os vírus comuns relacionados à doença não foram identificados no surto, e dez crianças no Reino Unido precisaram de transplante de fígado.
Mortes na Indonésia
Nesta semana, o Ministério da Saúde da Indonésia relatou que três crianças morreram devido a uma hepatite de origem desconhecida, que pode ser ligada ao surto.
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Com dois, oito e 11 anos, elas faleceram em abril em hospitais da capital Jacarta após apresentarem sintomas como febre, icterícia, convulsões e perda de consciência, disse à AFP a porta-voz da pasta, Siti Nadia Tarmizi.
"Suspeitamos de que sejam casos de hepatite aguda, mas precisamos confirmar que não se tratam dos vírus conhecidos da hepatite A, B, C, D e Rb", acrescentou.
Além disso, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) confirmou ao menos um óbito, o que elevaria para quatro o número de crianças que morreram em decorrência do surto.
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“É muito urgente, e estamos dando prioridade absoluta a isso e trabalhando muito de perto com o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças na gestão e coordenação. Estamos fazendo todo o possível para identificar rapidamente o que está causando isso e depois tomar as medidas adequadas, tanto a nível nacional como internacional”, disse, na segunda-feira, o diretor regional de Emergências da OMS na Europa, Gerald Rockenschaub.
Causa ainda é desconhecida
Os vírus geralmente associados à hepatite (A, B, C, D e E) não foram registrados em nenhum dos casos citados, segundo o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Enfermidades (ECDC) e a OMS. Autoridades sanitárias dos Estados Unidos e do Reino Unido cogitam que sua origem pode ser um outro vírus comum, o adenovírus 41.
Normalmente banais, os adenovírus provocam resfriados, mas podem também causar problemas respiratórios, digestivos ou conjuntivites. Mais frequentes no inverno, eles são transmitidos facilmente em creches infantis e escolas. A maioria dos seres humanos é infectada antes dos cinco anos.
Qualquer ligação com as vacinas contra a Covid-19 foi descartada, já que as crianças do Reino Unido, onde foi registrado a maioria dos casos até agora, não estavam vacinadas.
O que fazer?
Instituições de saúde pública dos Estados Unidos e da Europa pediram aos médicos que permaneçam alertas para a condição e testem crianças para os adenovírus caso haja suspeita da hepatite.
Para evitar que o surto aumente, a agência de saúde britânica sugere que medidas como lavagem das mãos e higiene respiratória – como cobrir com o braço tosses e espirros – sejam reforçadas. Especialistas afirmam que o aumento no número de casos tem sido relativamente lento, mas alertaram que mais diagnósticos são esperados.
Hoje, não há tratamento específico para a hepatite, mas medicamentos como esteróides ajudam, assim como remédios destinados aos sintomas. A orientação é para que mães e pais estejam alertas para o aparecimento de sintomas e, se for o caso, procurem atendimento médico.
Confira os sintomas da hepatite segundo a agência de saúde do Reino Unido:
- Urina escura;
- Fezes pálidas ou cinzas;
- Coceira na pele;
- Olhos e pele amarelados (icterícia);
- Dores musculares e nas articulações;
- Temperatura alta;
- Enjoo e náuseas;
- Cansaço o tempo todo fora do normal;
- Perda de apetite;
- Dor de barriga.
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