O Brasil foi incluído pela Opas (Organização Pan-Americana da Sapude) na lista de países com alto índice de infecção pela poliomelite, devido ao alto número de crianças que não foram vacinadas contra a doença - cerca de 500 mil.
De acordo com a Organização, se a cobertura vacinal nos países não for superior a 95%, o risco de casos torna-se maior. Segundo o diretor de Biomanguinhos da Fiocruz, Akira Homma, apenas 67% das crianças brasileiras estão vacinadas - 28% a menos que o ideal.
Ao Estadão, Homma afirmou que a baixa adesão à vacina é preocupante, principalmente pela proximidade do Brasil com países como Haiti e Bolívia, que têm alto risco de infecção.
“Quanto mais um vírus circula, mais mutações ele sofre, podendo se tornar uma nova ameaça, como se fosse um vírus selvagem. Se a cobertura vacinal da população fosse de 95% não haveria problema. Mas com as coberturas tão baixas, passa a ser um risco”, disse o pesquisador.
Causada pelo poliovírus, a poliomielite é uma doença altamente infecciosa que pode afetar o sistema nervoso e causar paralisia das pernas ou braços. Em 1975, antes da imunização generalizada, mais de 6.000 crianças ficaram paralisadas na região devido à doença.
O diretor da Fiocruz participou da campanha de erradicação da poliomelite no Brasil durante os anos 80. Na época, Homma lembra que a introdução da vacina oral e da campanhas nacionais de vacinações foram fundamentais para erradicar a doença. Para o pesquisador, outro fator fundamental para o sucesso da vacinação foi a alta adesão da sociedade.
“Chegamos a vacinar em um único dia 18 milhões de crianças”, afirmou.
De acordo com o Programa Nacional de Imunização, a vacina deve ser distribuída para as crianças em 5 doses, sendo 3 doses de vacina injetável (vírus inativado) aos 2,4 e 6 meses. Depois, a criança deverá tomar a vacina oral (vírus vivo atenuado) aos 15 meses e 4 anos de idade. Conforme dados oficiais, 67% das crianças tomaram as 3 doses injetáveis, quando se trata da vacina oral, o número é ainda menor: 53%.
Apesar disso, a imunização incompleta não deixará a criança completamente vulnerável ao vírus. Homma explica que as crianças que não tomaram todas as doses ainda terão um grau maior de proteção, mas alerta a importância do esquema vacinal completo para evitar a circulação do poliovírus e a criação de novas mutações.
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