Questão que ainda causa muitas dúvidas para mulheres, o cisto no ovário é mais comum do que se pode imaginar. Trata-se de um acúmulo de líquido que forma pequenas bolsas dentro do próprio ovário.
A descoberta de um cisto não deve ser motivo para pânico. Segundo o ginecologista e diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), Dr. Marcos Tcherniakovsky, eles são comuns, e podem aparecer - e desaparecer - sem a exigência de cirurgia.
"Embora a maioria dos cistos sejam benignos, uma pequena porcentagem pode ser maligna. A remoção cirúrgica deles, muitas vezes, é a única maneira de saber com certeza se o cisto é maligno”, explica o Dr. Marcos.
Os anticoncepcionais, tidos antes como vilões, podem ser grandes parceiros na saúde no trato com a questão.
"Hoje os anticoncepcionais são considerados até os mocinhos da história, porque quando usa o anticoncepcional o ovário fica em repouso, ela não vai ovular. Esses anticoncepcionais, principalmente hormonais, injetáveis, são considerados anovulatórios. Portanto, se tenho esse ovário não ocasionando ciclo, a ovulação, a tendência é que não tenha cisto."
Para o Dr. Tcherniakovsky, mais importante do que identificar a presença de um cisto, é necessário compreender quais são suas características - se aparecer em uma mulher já está na menopausa, ou então em uma adolescente que ainda não menstruou, por exemplo, é sinal que uma investigação maior deve ser feita. É muito mais comum que ele seja identificado entre a primeira e a última menstruação.
"Cistos depois da menopausa precisam ser investigados, porque a mulher já tem falência hormonal, e se ele permanece, muito provavelmente não tem característica hormonal. Nas adolescentes e crianças não são comuns, mas pode aparecer. Tem cistos ocasionados pela genética, por parte embrionária. São mais raros, mas podem acontecer", afirma.
Sintomas e Tratamento
O médico afirma que grande parte dos cistos são assintomáticos, mas alguns desconfortos podem aparecer e contribuir com o diagnóstico.
"A principal característica são as dores na região pélvica, ou dores no período ovulatório. Se a paciente tiver endometriose, causa um pouco mais de dor. Se ele for grande, pode pressionar a bexiga e causar dor ao urinar, ou cólica ao evacuar."
O diagnóstico é feito no consultório, mediante os exames de rotina e da conversa entre o médico e o paciente.
"O exame físico, de toque, é muito importante, onde a gente pode perceber o ovário aumentado. O ultrassom é um dos exames principais, além da ressonância, que vê muito bem o cisto e suas características. Um bom exame físico e um exame radiológico ou ultrassom já dá uma característica do cisto", explica.
"Cabe ao médico deixar a paciente tranquila, explicar o que vem a ser o cisto, e informar que não é nenhum problema desde que faça um acompanhamento mais de perto".
Fertilidade
Vale lembrar que o aparecimento de cistos não necessariamente significam que a fertilidade da mulher está comprometida, mesmo quando a cirurgia é indicada.
"Os cistos funcionais não atrapalha. Há sim, cistos que comprometem o tecido do ovário, que dominam o tecido e ela não consegue ovular, como quando ela possui endometriose. Mas cada caso é analisado de forma individual e observado", explica.
"Hoje, indicamos, caso seja necessário, uma abordagem cirúrgica, e uma maneira minimamente invasiva é a videolaparoscopia. Com esse procedimento, é feita a introdução de um canal óptico pelo umbigo, o que amplia as imagens durante o procedimento, para retirar os cistos mantendo os ovários e preservando ao máximo a fertilidade e o retorno a qualidade de vida em casos de dores incapacitantes."