Já faz algum tempo que a ciência começou a investigar os benefícios do jejum intermitente, que inclui a redução do risco de diabetes e de doenças cardíacas. Agora, pesquisadores da Intermountain Healthcare descobriram que as pessoas que são adeptas desse tipo de alimentação têm menos probabilidade de sofrer complicações graves da Covid-19 .
O novo estudo, publicado na revista científica BMJ Nutrition, Prevention & Health, mostrou que pessoas infectadas pelo novo coronavírus que praticavam jejum intermitente regular tinham menor risco de hospitalização ou morte devido à doenças do que os pacientes que não praticavam essa alimentação.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após analisarem dados de pacientes inscritos no INSPIRE, um registro de saúde voluntário da Intermountain Healthcare - sistema de saúde sem fins lucrativos nos EUA. Foram selecionadas 206 pessoas que haviam testado positivo para infecção pelo Sars-CoV-2 entre março de 2020 e fevereiro de 2022. Portanto, antes das vacinas estarem amplamente disponíveis. Desses, 73 disseram que jejuavam pelo menos uma vez por mês.
Os resultados mostraram que aqueles que praticavam o jejum intermitente de forma regular tiveram uma taxa menor de hospitalização ou morte por coronavírus. Por outro lado, não houve associação entre a prática e a redução no risco de Covid-19.
Os participantes que disseram que jejuavam regularmente o fizeram por uma média de mais de 40 anos. Isso porque grande parte dos pacientes da Intermountain Healthcare pertence à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Em geral, seus membros jejuam no primeiro domingo do mês, ficando sem comida ou bebida por duas refeições consecutivas.
Ainda são necessárias mais pesquisas para entender por que o jejum intermitente está associado a melhores resultados da Covid-19, mas existem algumas possíveis explicações, baseadas nos que já se sabe sobre como o jejum afeta o corpo.
Por exemplo, o jejum reduz a inflamação e a hiperinflamação está associada à piora nos quadros de Covid-19. Além disso, após 12 a 14 horas de jejum, o corpo deixa de usar glicose no sangue e passa a usar cetonas, incluindo o ácido linoleico.
“Há uma espécie de bolso na superfície do SARS-CoV-2 no qual o ácido linoleico se encaixa – e pode tornar o vírus menos capaz de se ligar a outras células”, explica Benjamin Horne, diretor de epidemiologia cardiovascular e genética da Intermountain Healthcare.
Outro possível caminho é o fato de o jejum intermitente promover a autofagia, que, segundo Horne, é "o sistema de reciclagem do corpo que ajuda seu corpo a destruir e reciclar células danificadas e infectadas".
Entretanto, o médico ressalta que esses resultados são de pessoas que praticam o jejum intermitente há décadas - não semanas - e que quem quiser considerar a prática deve consultar um médico antes. Ele também alerta que a prática não substitui a vacinação como prevenção para quadros graves de Covid-19.