Mais de 2% dos americanos adultos usam regularmente a melatonina como auxilio na hora de adormecer. O número é cinco vezes maior do que em relação há duas décadas. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, o suplemento pode ser adquirido em farmácias populares sem prescrição médica.
Ainda não há estudos que comprovem os riscos de usar a melatonina por longos períodos, mas o Instituto Nacional de Saúde (NIH) do Reino Unido garante que o uso prolongado pode levar a uma série desconhecida de problemas graves de saúde, incluindo declínio cognitivo grave e problemas psiquiátricos a longo prazo.
Em um novo relatório publicado na revista JAMA, especialistas descrevem o aumento não regulamentadodno suplemento de auxílio ao sono sem receita médica como “uma situação louca que saiu do controle”, e alertam que as pessoas que se automedicam com altas doses por um período de longo prazo estão se colocando em risco de efeitos colaterais de curto prazo, incluindo fadiga, tontura e dores de cabeça.
O recomendado atualmente de melatonina para consumo é cinco miligramas por noite. Os usuários que tomam mais e sem acompanhamento médico podem ter consequências mais graves para a saúde a longo prazo, especialmente se tomadas em conjunto com outros medicamentos.
Os médicos também tem alertado para o aumento do uso do suplemento entre crianças. Segundo relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), divulgado no início do ano, afirma que, de 2011 a 2021, as linhas de ajuda atenderam mais de 260 mil chamadas sobre crianças que ingeriram doses altíssimas de melatonina. Destes, dois morreram, 300 acabaram precisando ficar em observação na UTI e 4 mil crianças foram hospitalizadas.
Muitos suplementos de melatonina tem a forma de uma goma de mascar, por isso, especialistas acreditam que há uma grande chance de as crianças acreditarem falsamente que são doces e comer em grande quantidade. Embora isso possa tornar a hora de dormir um pouco mais fácil, os especialistas alertam que isso pode dar ao filho um equívoco perigoso sobre a melatonina.
“Como qualquer outra droga, você não a deixa no balcão da cozinha para o seu filho entrar”, afirma Judith Owens, diretora do Centro de Distúrbios do Sono Pediátrico do Hospital Infantil de Boston.
Ao contrário da maioria dos outros países, nos EUA a melatonina não é regulamentada pelo FDA e pode ser comprada on-line e fora das prateleiras das farmácias sem receita médica.
Assim como no Brasil, onde o hormônio é autorizado pela Anvisa para venda como suplemento alimentar e pode ser encontrado em farmácias, no país americano também é comercializado como um suplemento natural e seguro para ajudar a dormir.
Os dados mostram que a venda do medicamento cresceu mais de 142% nos Estados Unidos — de US$ 339 milhões de dólares em 2017 para US$ 821 milhões em 2020.