Varíola dos macacos
OMS/Divulgação
Varíola dos macacos

O Centro de Operações de Emergência (COE Monkeypox), criado pelo Ministério da Saúde para monitorar o avanço da doença no país, classificou a varíola dos macacos com nível máximo de emergência no território nacional. O nível III é estabelecido em cenários de "excepcional gravidade" e admite que a situação pode culminar em declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin). A classificação está no Plano de Contingência Nacional para Monkeypox ao qual O GLOBO teve acesso. Os níveis de emergência variam de I a III.

O documento de 31 páginas fixa diretrizes para que os gestores de saúde atuem para prevenir, tratar e combater a doença. O texto elaborado pelo COE traz orientações a respeito do isolamento de casos suspeitos, identificação de sintomas, realização de campanhas de conscientização, testagem, entre outros pontos.

De acordo com o plano, a situação da doença no país foi classificada como nível III pois jáexistem casos confirmados da doença no Brasil, com transmissão comunitária,e ainda não há disponibilidade de medidas de imunização e tratamento. O documento explica ainda o que este grau de alerta estabelece:

"Nível III:ameaça de relevância nacional com impacto sobre diferentesesferas de gestão do SUS, exigindo uma ampla resposta governamental. Este evento constitui uma situação deexcepcional gravidade, podendo culminar na Declaração de Emergência em Saúde Pública deImportância Nacional- ESPIN", diz o texto.

Nesta segunda-feira, o Brasil registrou 2.293 casos confirmados na doença, segundo dados do Ministério da Saúde. Há ainda outros 2.363 ocorrências suspeitas. O estado de São Paulo acumula o maior número de casos com 1.636 registros.

O protocolo do COE argumenta que o governo brasileiro tem enfrentado dificuldades em adquirir insumos devido ao cenário de escassez global:

"O SUS vem envidando esforços paraaquisição desses insumos para a população brasileira,mas cabe destacarque, no momento,não há disponibilidade no mercado internacional de vacinas ou medicamentos para tratamento para aquisição pelo Brasil", diz o documento.

O grupo orienta que seja desenhada uma Estratégia Nacional de Vacinação contra o vírus levando em consideração o cenário epidemiológico e a disponibilidade de vacinas. Inicialmente, o público-alvo para imunização seria composto por profissionais de saúde e contactantes.

O COE é coordenado pelo Ministério da Saúde e tem a participação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O comitê foi criado há cerca de dez dias após críticas devido à desmobilização da sala de situação da pasta para monitorar a doença e a explosão no número de casos.

Software para rastreamento

O protocolo elaborado pelo comitê orienta que seja feito um rastreamento das pessoas com quem o caso confirmado teve contato até 21 dias antes do início dos sintomas. Para fazer o monitoramento, o Ministério da Saúde vai adotar um software da Organização Mundial de Saúde (OMS), chamado "Go.data". Segundo o plano de contingência, a pasta vai treinar as vigilâncias de saúde locais para utilização da ferramenta. A diretriz fixa que contactantes que estejam assintomáticos não precisam fazer quarentena.

"O tempo disponível para rastreamento de contatos eficaz no contexto de MPX (Monkeypox)- três semanas em relação a períodos maislongos para algumas infecções de importância de saúde pública- é umdesafio, pois avaliação, registro da história de exposições, e alcance dos contatos pode levar um tempo relativamente longo.No entanto, este mesmo aspectopodeaumentar a probabilidade dos casos se lembrarem de seus contatos e serem capazesde fornecerdetalhesde contato válidos", analisa o comitê.

A varíola dos macacos é transmitida por meio de fluidos corporais, contato com a pele e gotículas respiratórias. Entre os sintomas mais comuns estão febre, dores musculares, cansaço, linfonodos inchados e o aparecimento de erupções na pele.

O plano orienta que o rastreamento de contatos deve ser feito com "sensibilidade e discrição" e indica que deve haver perguntas sobre as práticas sexuais dos pacientes. O texto afirma que essa investigação pode ser eficiente inclusive para avaliar o risco de transmissão de outras doenças. A diretriz aponta informações que considera valiosas como: "histórico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) no anoanterior,número de parceiros sexuais nosúltimos três meses, tipo de contatos sexuais durante o período de incubação (novos, pontuais, ocasionais, estabelecidos), uso de aplicativos geoespaciais paraconhecer novos parceiros, frequentarlocais decruzeiro, frequentarlocais desexo nasinstalações, ter relações sexuais apenas com homens ou homense mulheres, soropositividade euso de tratamentoantirretroviral(ARV) ouprofilaxiapré-exposição para o HIV(PrEP)."

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