Metade das unidades de saúde no mundo carecem de serviços de higiene básica, alerta o último relatório do Programa Conjunto de Monitoramento (JMP) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado nesta terça-feira.
De acordo com o documento, cerca de 3,85 bilhões de pessoas utilizam estabelecimentos que não têm água e sabão ou álcool gel nos pontos de atendimento e nos banheiros, o que aumenta o risco de infecções. Em instalações que atendem 688 milhões de pessoas, não há nenhum serviço de higiene.
“As instalações e práticas de higiene em ambientes de saúde não são negociáveis. A sua melhoria é essencial para a recuperação, prevenção e preparação da pandemia. A higiene nas instalações de saúde não pode ser garantida sem aumentar os investimentos em medidas básicas, que incluem água potável, banheiros limpos e resíduos de saúde gerenciados com segurança”, defendeu a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, em comunicado.
O relatório avaliou o acesso à higiene básica nos pontos de atendimento e nos banheiros. Os dados coletados em 2021 englobam 40 países, representando 35% da população mundial, um aumento no monitoramento em relação aos dois anos anteriores, quando foram analisados 21 e 14 países, respectivamente.
A organização afirma que a estimativa estabelecida revela um quadro alarmante do estado de higiene nas unidades de saúde pelo mundo. Embora 68% dos estabelecimentos de saúde tivessem instalações de higiene nos pontos de atendimento, e 65% para lavagem das mãos com água e sabão nos banheiros, apenas 51% contavam com ambos – o que é considerado um critério para serviços básicos de higiene. Além disso, 9% das unidades não tinham nenhum dos dois.
O relatório pontua que mãos e ambientes contaminados desempenham um papel significativo na transmissão de patógenos nas unidades de saúde, como vírus e bactérias, e na disseminação da resistência aos medicamentos que combatem esses microrganismos. Intervenções para aumentar o acesso à lavagem das mãos com água e sabão e à limpeza ambiental são a base dos programas de prevenção e controle de infecções, afirma a OMS.
“Hospitais e clínicas sem água potável e serviços básicos de higiene e saneamento são uma potencial armadilha mortal para mães grávidas, recém-nascidos e crianças. Todos os anos, cerca de 670 mil recém-nascidos perdem a vida para a sepse (infecção generalizada). Isso é uma farsa – ainda mais porque suas mortes são evitáveis”, afirma a diretora do Compromisso da Assembleia Mundial da Saúde para fortalecer a água, saneamento e higiene (WASH) da UNICEF.
Os dados mostram ainda como os países são afetados desproporcionalmente. Em países da África subsaariana, apenas 37% das instalações têm oferta de água e sabão nos banheiros. Nos países considerados menos desenvolvidos pela OMS no geral, pouco mais da metade (53%) dos estabelecimentos de saúde têm acesso local a uma fonte de água protegida.
Entre os países com dados disponíveis, 1 em cada 10 unidades de saúde não tinha serviço de saneamento básico. Essa proporção variou de 3%, na América Latina, Caribe e no leste e sudeste da Ásia, até 22% na África Subsaariana. Considerando somente os países menos desenvolvidos, apenas 1 em cada 5 (21%) tinha serviços de saneamento básico em unidades de saúde.
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