SUS realiza cirurgia pediátrica inédita para tratamento da escoliose
Artur Tumasjan / Unsplash
SUS realiza cirurgia pediátrica inédita para tratamento da escoliose

O Sistema Único de Saúde (SUS) realizou a primeira cirurgia que utiliza uma técnica inovadora para corrigir quadros graves de escoliose e hipercifose infantis – problemas na coluna vertebral – com apenas uma operação.

O procedimento aconteceu no I nstituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro , sendo também o primeiro no estado fluminense. O novo método chegou ao Brasil no final de agosto, quando foi feito em São Paulo em um hospital privado.

A paciente operada no Into tem oito anos e apresenta um quadro de paralisia cerebral. A nova tecnologia envolve a implementação de um dispositivo para acompanhar o alongamento da coluna da criança, evitando o retorno do problema, e é voltada para menores de dez anos com até 18 kg.

O principal benefício é a diminuição da exposição de pacientes pediátricos a novos procedimentos cirúrgicos, uma vez que o tratamento tradicional adotado hoje exige o retorno das crianças a cada seis meses para manutenção.

Já a nova técnica, criada pelo médico ortopedista francês Lotfi Miladi, do Hospital Necker - Enfants Malades (Doenças Infantis), da Universidade de Paris, na França, é feita em apenas uma operação. O especialista francês esteve no Into, no último dia 29, e participou da cirurgia junto ao chefe do Centro de Doenças da Coluna do INTO, Ricardo Meirelles, e do ortopedista do mesmo Centro, Alderico Girão.

“Uma criança que chegava ao tratamento com sete anos realizava, no mínimo, seis cirurgias para completar a correção dessas doenças, então, além da redução da exposição a anestesias e infecções, há uma queda da reincidência desses procedimentos, e consequente aumento da produção cirúrgica para atender outros pacientes”, explica Meirelles em comunicado do instituto.

Com o novo método, os médicos inserem um dispositivo, chamado Nemost, que acompanha o alongamento vertebral da criança durante o desenvolvimento. Além da menor quantidade de operações, a técnica reduz o tempo de internação dos pacientes, a duração da cirurgia, mantém a capacidade pulmonar e acaba com o risco de lesões na medula óssea, explica o ortopedista.

“A escoliose e a hipercifose precoces possuem, normalmente, origem neuromuscular. Esse é o caso da paciente operada pelo INTO, de oito anos, que apresenta paralisia cerebral. Esperamos devolver a essa criança equilíbrio do tronco e melhora na qualidade de vida”, diz Meirelles sobre a cirurgia.

No Brasil, a primeira operação do tipo foi realizada no fim de agosto, também com a presença do médico francês Lotfi Miladi, no Hospital Ortopédico da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo. A demanda por intervenções do tipo é alta: somente em 2021, 7% das cirurgias no hospital da AACD foram de escoliose, sendo 32% em crianças.

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