Banhos frios ajudam no controle da Diabetes, sugere novo estudo
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Banhos frios ajudam no controle da Diabetes, sugere novo estudo

Adotar uma rotina de banhos frios pode ser uma boa ideia para os pacientes com diabetes tipo 2, a forma mais prevalente da doença. É o que aponta um novo estudo, apresentado hoje no encontro anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes, em Estocolmo, na Suécia. Segundo os resultados do trabalho, a exposição recorrente a temperaturas mais baixas, especialmente quando provoca tremores como calafrios no corpo, ajuda a melhorar a tolerância do organismo à glicose e reduzir as taxas de açúcar no sangue.

Os pesquisadores da Universidade de Maastricht, na Holanda, responsáveis pelo estudo, afirmam que trabalhos anteriores já haviam mostrado que, ao sentir frio, o corpo humano atua eliminando a glicose do sangue de forma mais rápida. O fenômeno é atribuído à ativação da gordura marrom, um mecanismo metabólico que produz calor e queima calorias a partir do consumo do açúcar.

”A gordura marrom é um sistema metabólico de aquecimento do nosso corpo que queima calorias. Isso gera calor e evita que as calorias sejam depositadas como gordura branca normal. A gordura marrom é ativada durante o frio e quando comemos, mas sua atividade é menor em pessoas mais velhas e em indivíduos com obesidade e diabetes”, explica um dos pesquisadores à frente do estudo, Adam Sellers, em comunicado.

Para testar os impactos do frio na gordura de forma prática, os cientistas recrutaram 15 voluntários com sobrepeso ou obesidade, entre 40 e 75 anos, para participar de um estudo. Eles utilizaram um traje para controlar e abaixar a temperatura corporal até 10ºC e induzir os calafrios durante uma hora por dez dias consecutivos.

”Quando estamos com frio, podemos ativar a gordura marrom porque ela queima energia e libera calor para nos proteger. Além disso, o músculo pode contrair mecanicamente, ou tremer, gerando calor. Como temos muito mais músculos do que gordura marrom, os tremores podem queimar mais calorias e produzir mais calor”, acrescenta Sellers.

Os tremores provocados pelo frio foram monitorados com dispositivos colocados sobre a pele que detectavam a atividade elétrica muscular do corpo, além da observação visual pelos cientistas. Antes e depois da intervenção, os especialistas mediram a taxa de resistência à glicose, a própria concentração da glicose no sangue, a frequência cardíaca, a pressão arterial e outros indicadores.

Ao fim do estudo, os resultados mostraram que as temperaturas baixas a ponto de induzir os calafrios reduziram significativamente as concentrações médias de glicose no sangue de 5,84 para 5,67 mmol/L. Além disso, melhorou a tolerância à glicose em 6%.

Os pesquisadores observaram ainda outras mudanças consideradas positivas da intervenção. As concentrações plasmáticas de triglicerídeos e de ácidos graxos livres apresentaram uma queda de 32% e 11%, respectivamente. Estes são os principais combustíveis de gordura no corpo, por isso são associados a um maior risco de doenças cardiovasculares e maior resistência à insulina. O experimento também proporcionou uma redução na pressão arterial e na frequência cardíaca de repouso – ambas benéficas para a saúde.

Apesar de haver limitações, como fatores genéticos que podem afetar os resultados e a falta de uma explicação mais aprofundada sobre como o frio afeta a saúde metabólica, os cientistas acreditam que o novo estudo é um caminho para identificar formas alternativas de se controlar a diabetes tipo 2.

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