Estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Escola de Medicina da Universidade de Washington
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Estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Escola de Medicina da Universidade de Washington

Nos últimos 30 anos, as taxas de câncer nos países do G20 – grupo de nações industrializadas – aumentaram mais rápido para as pessoas entre 25 e 29 anos do que em qualquer outra faixa etária, segundo análise feita pelo Financial Times com os dados do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Escola de Medicina da Universidade de Washington. Em contraste, os casos em grupos etários mais avançados – aqueles com mais de 75 anos – diminuíram desde o pico que ocorreu por volta de 2005.

Embora os pesquisadores não tenham uma explicação definitiva que mostre os motivos para pessoas na juventude parecerem significativamente mais vulneráveis à doença do que gerações anteriores, esse alto crescimento fez com que epidemiologistas renomados sugerissem que o fenômeno deveria, na verdade, ser chamado de epidemia.

O aumento em grupos etários mais jovens é, no entanto, “uma mudança importante”, segundo Michelle Mitchell, diretora executiva da Cancer Research UK, instituição do Reino Unido que lançou uma pesquisa conjunta com o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos para aprender mais sobre as causas da doença de início precoce.

Os tipos de câncer que afetam os jovens podem fornecer pistas, acreditam os pesquisadores. Entre pessoas de 15 a 39 anos, os casos de câncer do tipo colorretal aumentaram 70% nos países do G20 entre 1990 e 2019, em comparação com um aumento de 24% em todos os tipos de câncer, constatou a pesquisa do Financial Times. Para médicos oncologistas, o aumento de casos em jovens tem se tornado uma realidade inevitável, e essa tendência tem implicações econômicas, clínicas e sociais.

Além de sanitária, trata-se de uma crise social e econômica 

Em busca das causas sobre o fenômeno, os cientistas estão mais convencidos de que as mudanças na nutrição e no estilo de vida que começaram na metade do século passado têm pelo menos parte da resposta do enigma. A dieta e o estilo de vida aos quais as crianças são expostas nos primeiros anos de vida provavelmente são um fator no aumento, diz Frank Sinicrope, oncologista e gastroenterologista da Mayo Clinic, mencionando a obesidade infantil, que se tornou "mais prevalente e problemática nos últimos trinta anos".

O consumo de alimentos com muita gordura saturada e açúcar foi visto como fator que altera a composição do microbioma – conjunto de microrganismos que habitam as várias partes do corpo como pele, cabelo, cavidade oral, vias aéreas, trato gastrointestinal –, prejudicando a saúde dos indivíduos. Mesmo que essas mudanças afetem pessoas de todas as idades, os pesquisadores acreditam que é altamente significativo que os casos de câncer de início precoce tenham começado a aumentar por volta de 1990. 


Aqueles que sobrevivem à doença estão em maior risco de desenvolver condições de longo prazo, como infertilidade, doenças cardiovasculares e cânceres secundários, afirmam os pesquisadores, o que pode criar encargos de saúde maiores no futuro. Não é, portanto, apenas uma preocupação para os sistemas de saúde, mas também um problema para as economias.

Alguns clínicos acreditam que é igualmente importante o fato de que os cânceres frequentemente atingem um estágio mais avançado em uma pessoa mais jovem antes de serem diagnosticados. Eles acreditam que os médicos precisam estar atentos ao câncer em pessoas de 20 ou 30 anos, reconhecendo que isso não se trata mais de uma perspectiva absurda.

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