IA ajuda na avaliação de imagens do coração, evitando cirurgias desnecessárias
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IA ajuda na avaliação de imagens do coração, evitando cirurgias desnecessárias

O uso da inteligência artificial (IA) na medicina tem sido um divisor de águas na forma como os profissionais de saúde diagnosticam, tratam e previnem doenças. Com capacidade de processar grandes volumes de dados e identificar padrões complexos, a IA tem revolucionado diversas áreas da saúde, desde o diagnóstico por imagem até a descoberta de novos medicamentos. Na área cardiológica, não tem sido diferente.

O μFR (fluxo microvascular fracionado) é um sistema de inteligência artificial que auxilia a forma como os médicos avaliam obstruções nas artérias coronárias, permitindo aos profissionais de saúde a identificação precisa da presença de isquemia, uma condição que compromete o fluxo sanguíneo no coração.

Inovação e redução de custos

Através de algoritmos e análise 3D das imagens detalhadas do coração, o sistema permite a avaliação precisa pelos médicos, oferecendo informações confiáveis e personalizadas e evitando a realização desnecessária de procedimentos adicionais, como a angioplastia, ou o tratamento das obstruções do coração com implante de stents coronarianos.

Além de garantir a segurança do paciente, poupando-o de intervenções cirúrgicas sem benefícios comprovados que podem trazer riscos associados, o uso da IA representa uma opção de baixo custo e eficácia para a avaliação de lesões coronarianas intermediárias.Estudos realizados na Europa demonstram uma economia de até 280 euros por ano com a utilização da nova tecnologia.

Em entrevista ao Portal IG, Louis Nakayama Ohe - Cardiologista do setor de Hemodinamica do Instituto Dante Pazzanese, explica como essa ferramenta está auxiliando a cardiologia na avaliação da fisiologia coronariana.

Como a IA contribui para as avaliações de imagens do coração e de que forma essa análise auxilia na tomada de decisão por realizar ou não procedimentos invasivos nos pacientes?

O processo de aprendizagem pelo computador permite que os sistemas de inteligência artificial (IA) reconheçam padrões, classifiquem imagens e façam previsões com base em evidências. O fruto desse processo é um aumento na eficácia diagnóstica, rapidez na tomada de decisões o que permite também um embasamento maior para o médico indicar ou contra indicar procedimentos que podem ser benéficos ou desnecessários.

Como o uso do μFR (fluxo microvascular fracionado) está revolucionando os diagnósticos?

O sistema usa algoritmos de IA para analisar as imagens do exame de cateterismo cardíaco e dos vasos do coração. Com essa análise ele consegue identificar a presença de isquemia, uma condição onde obstruções no vaso comprometem o fluxo sanguíneo. Por usar a IA ela dispensa a utilização de cateteres mais invasivos, diminuindo os riscos e evitando procedimentos adicionais desnecessários, como por exemplo, o implante de stents em lesões que não tem comprovação de isquemia.

Quais têm sido os benefícios mais significativos em utilizar o sistema no tratamento dos pacientes?

O maior benefício para o paciente é a agilidade de uma informação segura sobre a necessidade ou não de procedimentos adicionais. Entendemos que essa ferramenta quando aplicada por profissionais experientes, atrelada a um atendimento humano e personalizado, traz significativo benefício de resultados, um maior valor agregado ao tratamento.

Um exemplo dentro de nossa rotina onde o sistema demonstrou de forma rápida e eficaz resultados que ajudaram na decisão do tratamento, foi um cateterismo cardíaco em uma senhora de 78 anos que apresentava lesão duvidosa na artéria coronária.

Após avaliação com o sistema demonstrando ausência de isquemia, pudemos dar alta com maior tranquilidade evitando um implante desnecessário de stent ou prolongamento da internação para realização de outros exames complementares. Toda essa avaliação por IA foi realizada em menos de 2 min.

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