Estudos apresentados na última edição da Conferência Internacional da Associação do Alzheimer revelam que existe a possibilidade da doença de Alzheimer ser detecdada por meio de um exame de sangue. O diagnóstico seria dado pela presença da proteína beta-amiloide no cérebro.
Atualmente, tanto o diagnóstico quanto o acompanhamento estão focados na avaliação e na monitorização do acúmulo dessa proteína no corpo. O processo envolve procedimentos como a utilização de exames de imagem cerebral (PET Amiloide) e a análise do líquor através de punção lombar.
Os exames de sangue mais avançados, quando forem validados e aprovados, poderiam fornecer uma alternativa rápida, não invasiva e economicamente viável para esse propósito.
Os resultados do teste revelaram uma alta precisão, superando até mesmo o diagnóstico clínico convencional. Além disso, as análises indicaram que não há a necessidade de armazenar as amostras em baixas temperaturas, tampouco de realizar preparações ou procedimentos extraordinários com o material, o que sugere um grande potencial para coleta e medição à distância.
Existe ainda uma perspectiva futura de que esses testes possam ser realizados em ambiente doméstico, o que tornaria a detecção precoce e o monitoramento ainda mais acessíveis para os pacientes e seus familiares.
Sobre os estudos
Um dos estudos apresentados durante o congresso foi realizado pela Universidade de Gotemburgo, localizada na Suécia. Nesse estudo, foram examinados 77 pacientes e, de acordo com os pesquisadores, os biomarcadores relacionados à doença de Alzheimer, como o neurofilamento leve (NfL), a proteína glial fibrilar ácida (GFAP) e as formas fosforiladas da tau (p-tau181 e p-tau217), foram identificados de maneira confiável nas amostras de sangue.
Os achado sugerem a possibilidade de, no futuro, ser desenvolvido um exame suficientemente simples para permitir a coleta de sangue em domicílio de maneira autônoma. Isso aumentaria a acessibilidade e viabilizaria o diagnóstico precoce e uma monitorização mais eficaz de pacientes com risco elevado de desenvolver a doença e/ou que estejam sob tratamento.
Outro estudo liderado pela Universidade de Lund, também sediada na Suécia, expôs que o teste de sangue alcançou uma precisão acima de 85% na detecção de modificações associadas à doença de Alzheimer. Esse desempenho superou a taxa de precisão dos médicos de cuidados primários, que foi de cerca de 55% em comparação.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 55 milhões de indivíduos globalmente sofrem de demência, o que inclui casos de Alzheimer.
No contexto brasileiro, o Ministério da Saúde estima a presença de cerca de 1,2 milhão de casos, sendo que a maioria destes ainda não recebeu um diagnóstico oficial.