O alto uso – e não recomendado – de ivermectina durante a pandemia da Covid-19 pode ter desencadeado um surto de escabiose, doença conhecida como sarna, em duas creches de Balneário Camboriú.
Segundo informações da NSC Total, estudos da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) mostraram que o abuso do medicamento, que estava persente nos “kits Covid”, pode ter contribuído para aumentar a resistência do parasita responsável pela escabiose.
Pesquisadores da UFAL descobriram a conexão entre a ivermectina e a sarna, e publicaram em 2021, discutindo a resistência exacerbada adquirida pelo ácaro Sarcoptes scabiei, causador da doença. Nos últimos anos, vários surtos têm ocorrido nas cidades brasileiras.
"Não podemos afirmar (que seja o caso de Balneário Camboriú) sem a avaliação da resistência do parasita. Mas é uma possibilidade, sim", admite o Superintendência de Vigilância em Saúde de Santa Catarina, o médico infectologista Fábio Gaudenzi de Faria, ao NSC Total.
O médico diz ainda que há falta de informações precisas sobre a doença devido à ausência de um sistema de monitoramento específico pelo Ministério da Saúde para a escabiose.
"Se houver um aumento dos surtos vamos precisar mudar a vigilância, para entender o motivo da mudança do perfil", afirma Fábio.
A secretária de Saúde de Balneário Camboriú, Caroline Prazeres, diz que é a primeira vez que a cidade registra um surto de escabiose e que não acredita na relação direta entre o remédio e o surto de sarna nas creches.
"O surto está bem restrito ao ambiente, houve uma transmissão em série, entre crianças de um a cinco anos", afirma Caroline.
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