Novo medicamento já está em fase de testes
Reprodução/Redação GPS
Novo medicamento já está em fase de testes

Um novo medicamento, na terceira fase de testes, está apresentando bons resultados contra o câncer de mama,  de acordo com o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. O medicamento funciona como um anticorpo melhorado com objetivo de matar células cancerígenas.

O câncer de mama é um dos mais comuns em mulheres no Brasil, embora ele também possa aparecer em homens. As campanhas do Outubro Rosa pretendem conscientizar sobre a importância do exame preventivo para monitorar a saúde das mamas, uma vez que o prognóstico da doença melhora na medida que o diagnóstico precoce é realizado.

Novo medicamento

“O câncer de mama é causado quando as células da mama sofrem mutações que as fazem se multiplicar de maneira anormal, formando um tumor. Existem diversos tipos de câncer de mama que variam de intensidade, e por conta de fatores genéticos, a doença evoluirá de formas diferentes” explica Mello.

O médico explica que, recentemente, um estudo com um novo medicamento, chamado de anticorpo Trastuzumab Deruxtecan, mostrou que pacientes com câncer de mama do tipo HER2-positivo podem ter melhor sobrevida com ele.

Câncer de mama

A medicina moderna divide o câncer de mama em diferentes tipos de acordo com as características biológicas. O médico conta que metade das pessoas com câncer de mama avançado, que têm um marcador nos tecidos do corpo chamado HER2, podem desenvolver metástases no cérebro. Até então, os medicamentos não conseguiram tratar bem essas metástases porque uma barreira natural do corpo, chamada de hematoencefálica, bloqueia a entrada de muitos medicamentos no cérebro.

Novos medicamentos são, portanto, urgentemente necessários. “Quando a metástase cerebral acontece, os pacientes têm poucas chances de sobreviver nos próximos anos com as terapias existentes, como cirurgia e radioterapia. Mas o novo medicamento, testado na fase 3, está apresentando bons resultados”, diz o médico oncologista.

Como funciona o medicamento

A substância ativa em questão é um “conjugado anticorpo-droga (ADC)”, unindo o anticorpo Trastuzumab que, uma vez injetado no corpo, integra a proteína HER2. Junto ao ativo deruxtecan, o anticorpo começa a matar células cancerígenas. “Esse ingrediente é ativo no tecido tumoral e dificilmente em qualquer outro lugar no resto do corpo. Essa seletividade é importante para não lesar células que não estão comprometidas”, explica o médico.

Para determinar o benefício do medicamento para o câncer de mama HER2-positivo, os pesquisadores realizaram um estudo com mais de 500 pacientes com e sem metástases cerebrais, de 78 centros de câncer na Europa Ocidental, Japão, Austrália e Estados Unidos.

“Os resultados mostraram que, em média, os pacientes — mesmo aqueles com metástases cerebrais — sobreviveram mais de 17 meses sem qualquer progressão do câncer. Mais de 60% dos pacientes sobreviveram 12 meses com estabilização do tumor”, diz Ramon. 

Regressão da doença

Os pesquisadores detectaram regressão das metástases cerebrais em mais de 70% dos participantes. 90% de todos os pacientes estavam vivos um ano após o início do tratamento. "Essas descobertas oferecem esperança aos pacientes com metástases cerebrais em particular", continua o médico. Segundo ele, o medicamento já está aprovado para uso na prática padrão, inclusive no Brasil.

No geral, o oncologista explica que esse conjugado tem "grande potencial para o tratamento do câncer de mama", já que outros estudos também estão em andamento com bons resultados.

Prevenção

Ramon ressalta que, embora muitos casos de câncer de mama estejam associados a fatores genéticos e hereditários, o estilo de vida e a alimentação desempenham um importante papel na saúde do corpo e podem aumentar ou diminuir as chances de desenvolver a doença.


“Medidas que podem ajudar a prevenir o câncer de mama, baseado em importantes estudos científicos, incluem: dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e evitando alimentos pró-inflamatórios como frituras e gorduras trans; evitar sobrepeso; atividades físicas regulares, pelo menos 1 hora, 3 dias por semana; evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e não fumar”, pontua.

Visitar regularmente o ginecologista e realizar a mamografia periodicamente de acordo com a orientação do médico também são atitudes importantes de prevenção, de acordo com Mello.

** Formado em jornalismo pela UFF, em quatro anos de experiência já escreveu sobre aplicativos, política, setor ferroviário, economia, educação, animais, esportes e saúde. Repórter de Último Segundo no iG.

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