A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (26) regras mais rígidas para a prescrição, a comercialização e o uso de implantes hormonais, conhecidos como "chips da beleza".
A partir desta terça, a paciente terá que apresentar receita especial com o CID incluído pelo médico, ou seja, o código que especifica para qual doença será utilizado o tratamento. Segundo a Agência, a medida vai facilitar a fiscalização e coibir o uso para fins estéticos, que segue proibido.
Além disso, agora a prescrição médica vai ter que ser acompanhada por um Termo de Responsabilidade, um documento em que é apresentado ao paciente todos os riscos do tratamento e possíveis efeitos colaterais.
A Anvisa também determinou que qualquer efeito colateral passa a ser de notificação compulsória, para que os órgãos de saúde possam ter controle sobre o número de pessoas impactadas.
O que é o implante hormonal?
O implante hormonal é um tratamento que aplica um chip de forma subcutânea, ou seja, dentro da pele. Esse chip (ou pallet) contém substâncias que caem na corrente sanguínea e, de maneira controlada, passam a regular a quantidade de hormônios no organismo.
"É comum a utilização desses hormônios para bloquear a ovulação, tratar desequilíbrios, assim como nos casos de doenças hormônio-dependentes. Ademais, os tratamentos podem ser individualizados, com substâncias e doses específicas para cada paciente", explica Walter Pace, Prof. Doutor em Ginecologia e especialista em reprodução humana.
Como caem diretamente na corrente sanguínea, evitando a passagem pelo fígado e o estômago, os tratamentos realizados via chip podem trazer uma série de vantagens. Uma delas é a redução de efeitos colaterais, muito relatados em pacientes que utilizam métodos convencionais de tratamento para questões endócrinas e ginecológicas.
De acordo com Pace, através dessa via, é possível aplicar hormônios para anticoncepção, para o tratamento de doenças como endometriose, miomatose, hiperplasia, displasia mamária, osteoporose e, também, para reposição hormonal – a exemplo de mulheres no climatério e na pós-menopausa.
O tratamento através do implante hormonal pode causar infertilidade?
Segundo o ginecologista, essa tese é um mito, pois o implante é só uma via. O que realmente deve ser avaliado são as substâncias que vão dentro dos implantes, os hormônios.
Inclusive, há determinados hormônios que podem proteger contra fatores que levam à infertilidade, tal como os progestínicos - que, de acordo com o médico, bloqueiam a ovulação, tratam da endometriose e tendem a desinflamar a pelve e, na maioria das vezes, suprimem a menstruação. Dessa forma, colaboram para a preservação da fertilidade porque diminuem a inflamação e diminuem o refluxo do sangue do interior do abdômen.
E os efeitos colaterais?
Tratamentos individualizados podem reduzir os efeitos colaterais. Partindo do princípio que o que faz mal em hormônio não é o hormônio em si, mas sim o excesso ou a carência, a partir de uma medicação ou esquema hormonal que seja equilibrado, esses efeitos colaterais tendem a reduzir. Dessa forma, com um tratamento individualizado, é possível montar um esquema equilibrado, eliminando os efeitos colaterais.
"A chave e o ponto central é buscar uma linha de equilíbrio na administração desses hormônios, quando aplicados corretamente, tratamos os desequilíbrios, de fato. Determinados hormônios, provém o ganho de massa magra, perda da gordura, o que facilita o emagrecimento, mas sozinhos não fazem isso, precisa-se de uma boa alimentação e bom hábito de atividades físicas. A vida tem que ser saudável", afirma Pace.