
Existem pessoas que não conseguem dormir sem coberta, mesmo com as altas temperaturas. E a resposta tem menos a ver com o clima do que parece. Segundo a médica integrativa e nutróloga Carla Marttins, isso está mais relacionado à sensação de segurança para o cérebro e a fatores fisiológicos e emocionais do que ao calor propriamente dito.
De acordo com a especialista, dormir com a coberta é um comportamento fisiológico e emocional que ajuda a estabilizar a temperatura, reduzir o estado de hiperalerta, ativar a sensação de segurança, melhorar o relaxamento e facilitar a entrada no sono profundo. Fatores como nutrição, hormônios, estresse e metabolismo também influenciam esse processo. Por isso, algumas pessoas literalmente precisam da coberta até no verão para conseguir dormir.
“A pressãozinha leve da cobertinha pode funcionar como um estímulo calmante, semelhante às mantas de compressão usadas no tratamento da ansiedade. Ela melhora o relaxamento e a qualidade do sono”, explica a médica.
A Dra. Carla conversou com a reportagem do iG e reforçou que, na medicina integrativa, emoções, hormônios e ambiente têm grande impacto no sono. Fatores emocionais como ansiedade, insegurança, hiperalerta e até experiências anteriores associadas ao medo podem fazer o cérebro interpretar a coberta como proteção. Por isso tantas pessoas preferem dormir cobertas.
Como os fatores fisiológicos influenciam?
“Fatores hormonais, como cortisol alto à noite ou tireoide acelerada, aumentam de temperatura corporal e dificultam o sono. No caso das mulheres, durante o climatério e a menopausa, a queda da progesterona piora a termorregulação e causa ondas de calor, o que prejudica ainda mais a qualidade do sono”, explica a médica.
Alguns alimentos e bebidas também podem interferir na sensação de calor e no conforto térmico, prejudicando o sono. Cafeína, álcool e termogênicos como pimenta, gengibre e canela aceleram o metabolismo e aumentam a temperatura corporal. Refeições muito gordurosas, carboidratos de alto índice glicêmico e excesso de proteína dificultam a digestão e elevam a termogênese, piorando o adormecer.
“Dormir de cobertinha é um comportamento fisiológico e também emocional. Ela estabiliza a temperatura, traz conforto, reduz o hiperalerta e ajuda o cérebro a entrar no sono profundo, o sono reparador. A coberta diminui a ansiedade, transmite segurança e até reduz o pico de cortisol pela manhã”, pontua Carla.
Segundo a médica, esse hábito não tem apenas a ver com preferência: envolve mecanismos fisiológicos e emocionais que ajudam o corpo a descansar de forma mais eficaz.