Vivendo bem com a doença celíaca
A empresária Marilis Maldonado descobriu a doença celíaca aos 35 anos. Com uma série de complicações, chegou a pesar 32 quilos e quase morreu por conta disso.
Mas Marilis não se entregou. Melhor, ela virou a mesa: hoje é proprietária de uma empresa que produz alimentos sem glúten. Para ela a maior vitória após ter descoberto a doença e ter sobrevivido diante a tantas rejeições foi a audácia de criar 30 produtos sem glúten para que os celíacos voltem a viver em grupo novamente. Aqui ela conta sua história.
“Eu sempre sofri de gastrite e tive o intestino preso. Mas às vezes tinha crises de diarreia. Também era anêmica. Em janeiro de 1996, após uma cirurgia para a retirada da vesícula biliar, comecei a ter fortes crises de diarreia e vômito. Em dezembro de 1996 cheguei a pesar 32 quilos. Um mês depois, com uma biópsia do intestino delgado, o diagnóstico de Doença Celíaca foi confirmado.
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Fiquei sabendo que, para o resto da vida, não poderia mais comer pão, macarrão, pizza, bolo, biscoito, bolacha, salgadinho, tomar cerveja ou uísque. O meu organismo é extremamente sensível ao glúten e em caso de ingestão de algum desses alimentos aquela crise poderia voltar rapidamente.
Após uma profunda depressão resolvi reagir. Comecei a estudar a doença e pesquisar receitas para que minha alimentação fosse a mais habitual possível, sem parecer uma dieta fora do comum.
Minha primeira batalha foi com o pão. Como substituir esse maravilhoso alimento após 35 anos de consumo? Fiz vários cursos, pesquisas e inúmeras experiências até que desenvolvi uma receita de pão que me agradasse. Mas não queria parar no pão. Não achava justo não ser convidada a encontros em bares com amigos, almoços em família e festas de aniversários só porque não podia consumir aqueles cereais proibidos.
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Fiquei imaginando uma criança celíaca sendo obrigada a ficar em casa enquanto seus amiguinhos cantavam 'parabéns a você' e comiam salgadinhos e bolo de aniversário. Pensei nessa criança na escola, onde alguns professores insistem erroneamente em separar o celíaco dos outros alunos, só para que ele não veja aquela merenda de bolachas ou sanduíche. Nessa época, com apenas uma colaboradora, eu fiz a loucura de inventar 30 produtos sem glúten. Não apenas deu certo, como foi um sucesso.
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Hoje posso compartilhar os meus produtos com outros celíacos, pois trabalho em uma cozinha industrial exclusiva para a manipulação de alimentos sem glúten, produzindo doces e salgados sem a utilização de qualquer ingrediente que contenha trigo, aveia, centeio, cevada e malte. Sempre repito isso a quem partilha da minha situação: "Restrição alimentar, sim. Restrição social, não!”
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