Laboratório de Biologia Molecular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB-Unesp) que padronizou o teste de rastreamento do “pool de saliva”
divulgação/unesp
Laboratório de Biologia Molecular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB-Unesp) que padronizou o teste de rastreamento do “pool de saliva”


Uma nova metodologia para rastrear portadores do novo coronavírus (Sars-CoV-2) começou a ser testada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) no Hospital das Clínicas (HC) de Botucatu, com quem mantém parceria. A nova tecnologia tem capacidade de analisar amostras de saliva e está sendo incorporada à rotina de trabalho de quem trabalha no HC para identificar pacientes assintomáticos  e evitar um possível surto da Covid-19.

O teste de rastreamento tem potencial para acelerar o retorno seguro às atividades presenciais, por isso já faz parte do  plano de retomada das aulas  na Unesp.

A nova forma de testagem se baseia em estudos científicos internacionais, publicados em periódicos como a revista Lancet, que atestaram que as glândulas salivares possuem o receptor para o Sars-CoV-2 e por esse motivo a saliva é uma material biológico de alta sensibilidade para indicar a presença do novo coronavírus .

Por hora nomeado pelos cientistas da Unesp como  "pool de saliva" , o teste para rastreamento de pacientes assintomáticos consiste em coletar salivas de 8 a 15 pessoas aparentemente saudáveis, em frascos individuais, e analisá-las por grupos, o que amplia a escala de testagem.

Caso o resultado de todos os testes sejam negativos, as pessoas estão liberadas para trabalhar até a próxima testagem, já se for identificado o vírus da Covid-19, as amostras coletadas passam por teste complementar para indicar os infectados. Encontrado o colaborador contaminado, ele é afastado e todos os que participaram da testagem entram em monitoramento rigoroso.

Nova metodologia

A metodologia do "pool de saliva" foi apresentada à comunidade científica internacional no mês passado pela Unesp, durante um webinar sobre estratégias para impedir o surgimento de surtos da Covid-19 em hospitais . O novo modo testagem foi padronizado no Laboratório de Biologia Molecular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB-Unesp), sob responsabilidade da professora Rejane Grotto, da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp.

Os primeiros a realizarem os testes por meio da saliva foram estudantes da Faculdade de Medicina da Unesp, entre 5º ano e 6º ano, que atuam no HC.

Ao portal da Unesp o professor Carlos Magno Fortaleza, da Faculdade de Medicina da Unesp e da comissão de controle de infecção hospitalar do Hospital das Clínicas de Botucatu, informou que o teste está sendo utilizado "como manejo coletivo de saúde e risco ocupacional, como uma abordagem coletiva para pessoas assintomáticas".

"Isso não substitui a busca diária por sintomas nem os testes laboratoriais. Entendemos como método de triagem e manejo de segurança no trabalho, não como método clínico. E está mostrando-se excepcional para dar segurança para o retorno ao trabalho presencial”, completou.

Na Nota Técnica nº 43/2020, recém-divulgada, o Ministério da Saúde recomenda, em caráter excepcional, a coleta de saliva em locais onde haja falta de swabs, hastes coletoras de material para testes moleculares RT-qPCR. Devido ao aumento da demanda por insumos para os testes moleculares, o que custava R$ 7 antes da pandemia, chegou a quatro vezes mais do que o valor inicial.

Fluxo de diagnósticos

Para fins de notificação da enfermidade, por enquanto, os casos positivos por meio da saliva são submetidos a nova coleta por meio de swabs para teste molecular RT-qPCR, com 100% de concordância entre os resultados.

“É um protocolo que dá uma certa segurança para as pessoas assintomáticas . Como estão aparentemente saudáveis, elas normalmente não entrariam no fluxo de diagnósticos e seguiriam circulando com a presença do vírus. Agora conseguimos monitorá-las. É um fato bem significativo, que está sendo um diferencial”, afirma ao Portal da Unesp a professora Rejane Grotto.

O teste é realizado quinzenalmente pelos trabalhadores do HC de Botucatu e os estudantes de Medicina que lá atuam. É recomendado que a coleta da saliva seja feita em jejum ao acordar, antes de escovar os dentes, enxaguar a boca ou tomar água.

“A ideia é fazer o teste com pessoas que trabalham juntas, no mesmo andar por exemplo. Fazendo isso com pessoas que estão juntas, você afasta quem testar positivo e passa a seguir de perto as demais pessoas do grupo. Afinal, são pessoas que trabalham com a pessoa que testou positivo e precisam ser seguidas”, diz Carlos Magno Fortaleza.

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